quinta-feira, fevereiro 07, 2008

ARTIGO

Será que Amélia ainda é “aquilo”?



Amélia faz parte da memória social brasileira como exemplo maior de submissão da mulher. Tudo por conta do samba homônimo “Ai, que saudade da Amélia” lançado no carnaval de 1941 descrevendo-a como a mulher de verdade. A letra atingiu em cheio o imaginário coletivo a tal ponto que virou verbete no Aurélio como : “mulher que aceita toda sorte de privações e/ou vexames sem reclamar, por amor a seu homem”.
Apesar dessa pecha, virou sucesso estrondoso por várias décadas. As ouvintes mulheres custaram a se contrapor ao conteúdo misógino da mensagem onde a personagem em questão chega a ser vítima de uma anorexia impositiva: “às vezes passava fome ao meu lado / e achava bonito não ter o que comer”. Pasmem, mas seus maiores predicados resumiam-se a nada querer, nem tampouco "tinha a menor vaidade". Assim mesmo, era uníssona entre homens e mulheres a opinião sobre a Amélia: “Aquilo sim é que era mulher”.
Mas ela não era a única. Havia a Emília, também campeã nas paradas de sucesso surgida no mesmo ano e com o mesmo feitio de sujeição total e absoluta ao parceiro de cama e mesa. Só que acompanhava entre outras característica um adicional utilitário: “quero uma mulher / que saiba saiba lavar e cozinhar(...) além de outra vantagem – a função de despertador: “que de manhã cedo me acorde na hora de trabalhar”(...). Sem falar na seguinte prerrogativa: nas tarefas domésticas era imbatível: “ninguém sabe igual a ela / preparar o meu café / não desfazendo das outras / Emília é mulher
(...) Na trilha dessas mulheres seguiram outras e outras até chegar ao século 21. Resta, portanto, saber quantas mulheres por ai continuam a levar hoje em dia uma vida de Amélia?

Um comentário:

  1. Gostei muito da sua postagem:Amélia já era,estou fazendo um trabalho monografico nessa area e gostaria de saber se vc pode me ajudar?como faço pra entrar em contato cm vc?não consegui encontrar pra comprar seu livro:a musa sem mascaras: a imagem da mulher na musica popular brasileira
    Aguardo resposta,

    Haiane Cristina

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