sexta-feira, abril 21, 2017

Grupo promove empoderamento de mulheres por meio da literatura

Por: Maria Anna Leal do Portal FolhaPE 
Atuando pelas redes sociais, grupo de amigas conseguiu chamar atenção do público cuja participação tem superado as expectativas
No mês em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quarta-feira (8), é importante lembrar da participação das mulheres em todos os ambientes, inclusive nos das artes. Na literatura, um grupo vem se destacando exatamente na leitura de autoras: “O Leia Mulheres”. Nesta semana o segmento de Recife tem um encontro marcado na quinta-feira (9), por volta das 19h30, discutindo a obra “O livro das semelhanças”, no edifício Texas, que fica na rua Rosário da Boa Vista, no bairro da Boa Vista.

O clube de leitura “Leia Mulheres”, que incentiva o debate sobre as escritoras e suas obras, vem crescendo e atraindo mais leitores para os encontros mensais. O projeto  começou com apenas três amigas e já possui cerca de 60 mulheres discutindo sobre literatura, feminismo e representatividade em e 20 estados e 40 cidades do país, dentre elas Recife.

Atuando pelas redes sociais, o grupo conseguiu chamar a atenção do público cuja participação tem superado as expectativas. “A receptividade tem sido ótima, os grupos de leitura têm sido mistos com presença de homens também”, afirmou Carolina Morais uma das mediadoras do Leia Mulheres Recife.

O foco nas mulheres nasceu quando as idealizadoras Juliana Gomes, Michelle Henriques e Juliana Leuenroth analisaram quantas escritoras eram lidas por ano em comparação aos autores “Começou com a análise de que mesmo nós, que lemos muito, não líamos muitas autoras, nem 50% dos livros lidos no ano eram de autoras”, contou Juliana Gomes.

Pensando em mudar o quadro, o grupo surgiu não só encorajando a leitura, mas também proporcionando debates e quebrando tabus sobre as escritoras e a mulher no mercado editorial. “A iniciativa não tem apenas um caráter literário, mas político. Somos feministas, sabemos o lugar secundário que as mulheres ocupam em muitos setores da sociedade, e isso não é diferente na literatura. Quantos livros de mulheres são lidos nas faculdades de letras, quantos mestrados e doutorados abordam o trabalho de mulheres? Nem precisamos reafirmar que é um total absurdo ainda convivermos com essa realidade, então vamos no caminho da ação, que é chamar as pessoas para ler e debater livros escritos por mulheres”, explicou Carolina Morais.

“Usamos pouco a palavra “feminino” por justamente não haver o termo ‘literatura masculina’. Hoje as mulheres ocupam posições importantes dentro do editorial mas ainda precisamos questionar o menor número de autoras publicadas bem como de mediadoras em eventos literários”, completa Michelle Henriques.

Os livros abordados pelo clube são escolhidos de diferentes formas, normalmente pelas redes sociais ou por votação ao final dos encontros. Os interessados em participar precisam conferir os horários e os locais dos encontros referentes à sua cidade pelas redes sociais, onde as integrantes do grupo estão postando atualizações diariamente.

É um projeto que promete não apenas desconstruir estereótipos, mas também criar uma nova realidade, gradativamente, onde as mulheres sejam mais lidas, representadas e respeitadas. “Então acho que nossa contribuição é essa: trazer a questão à baila por meio de uma ação que nos leve efetivamente a ler e debater livros escritos por mulheres”, explicou Carolina. “Algumas pessoas podem dizer: mas se fecham o grupo sobre o nicho “mulheres” não estão criando uma coisa excludente? Sim, estamos nos fechando, mas porque precisamos nos fortalecer. Se o mercado está preocupado apenas em vender e manter a roda girando, cabe a nós tentarmos mudar esse discurso e criar novos embates e discussões”, concluiu.
Fundadoras e mediadoras do Cclube: a primeira – Juliana Gomes, a segunda – Michelle Henriques e a terceira – Juliana LeuenrothFoto: Divulgação/Leia Mulheres