sexta-feira, dezembro 04, 2020

UMA GUERREIRA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO RACIAL E DE GÊNERO

 

Esta é Susie King Taylor, sua história se baseia em superações e conquistas pela liberdade e educação diante das adversidades do período escravocata norte-americano no século XIX.
Ela lutou ao lado de seu marido na Guerra civil, foi enfermeira, professora e escritora, se tornando pioneira na enfermagem, educação e na literatura. Apenas aos 14 anos, ela foi a primeira mulher afro-americana a ensinar abertamente em uma escola para homens livres, a primeira enfermeira do exército formado por afro-americanos e a primeira e única mulher afro-americana a publicar um livro de memórias relacionado as experiências da Guerra civil.
Nascida como escrava em 1848, Susie King Taylor viveu em uma uma fazenda na propriedadende Valentine Gres, na Geórgia. Aos sete anos idade, Susie foi autorizada pelo seu dono de que fosse morar com a sua avó, Dolly, em Savannah. Apesar das duras leis da Geórgia contra a educação formal de afro-americanos, Dolly apoiou a educação de Susie, mandando-a secretamente para uma escola ilegal administrada por uma mulher afro-americana livre, a Sra. Woodhouse. Depois de aprender tudo o que podia com a Sra. Woodhouse, ela continuou sua educação sob a tutela de vários professores, tanto brancos quanto negros os quais violavam conscientemente as restrições e os costumes da época.
Sua educação terminou quando ela foi forçada a voltar para sua mãe próximo ao Forte Pulaski, controlado pelos confederados, depois que sua avó foi presa por cantar hinos pela Liberdade em uma igreja. Após retornar, o forte Pulaski foi invadido pela União e Susie conseguiu fugir com seu tio e, com a proteção da União, foram morar na Ilha St. Simons, na costa sul da Geórgia, junto com outras centenas de refugiados anteriormente escravos. Lá, Susie se tornou livre e impressionou os oficiais comandantes com sua habilidade de ler e escrever. Assim, recebeu a oferta de administrar uma escola para crianças e adultos na ilha. Com apenas 14 anos Susie se tornou a primeira professora negra a educar abertamente afro-americanos na Geórgia.
O coronel abolicionista da unidade, Thomas Wentworth Higginson, escreveu mais tarde sobre Susie: "Seu amor pelo livro de ortografia é perfeitamente inesgotável". Naquele mesmo ano, Susie se casou com Edward King, um oficial negro do 33º Regimento de Infantaria de Homens afro-americanos dos Estados Unidos, e começou a servir como enfermeira e lavadeira. Fora do horário de expediente, ela ensinava os soldados a ler e escrever e, de acordo com suas memórias, “... aprendi a manejar muito bem um mosquete ... e sabia atirar em linha reta e, muitas vezes, acertar o alvo”.
Por quatro anos e três meses, ela serviu o exército da União sem remuneração. Susie e Edward permaneceram com o 33º Regimento até serem reunidos no final da guerra. Em 1866, Susie e Edward se mudaram para Savannah, onde ela abriu uma escola para crianças afro-americanas. Edward morreu (causa da morte não mencionada) alguns meses antes de seu primeiro filho nascer. Susie trabalhou como educadora por vários anos. Porém, pela falta de renda para escolas públicas recém inauguradas, Susie foi forçada a trabalhar como empregada doméstica com uma família rica para sobreviver.
Em 1874, ela se mudou para Boston e lá se casou com Russel Taylor, em 1879. Ela dedicou grande parte do resto de sua vida ao trabalho com o Woman’s Relief Corps, uma organização nacional para veteranas da Guerra Civil. Ela morreu em 1912, dez anos após publicar suas memórias no livro - Reminiscences of My Life in Camp with the 33rd United States Colored Troops, Late 1st S.C. Volunteers.
Embora reconhecesse o racismo que persistiu décadas após o fim da Guerra Civil, ela relata uma nota positiva: “Que revolução maravilhosa! Em 1861, os jornais sulistas estavam cheios de anúncios de 'escravos', mas agora, apesar de todos os obstáculos e 'problemas raciais', meu povo está se esforçando para atingir o padrão completo de todas as outras raças nascidas livres aos olhos de Deus, e em várias instâncias foram bem-sucedidas. Justiça que pedimos - ser cidadãos destes Estados Unidos, onde tantos de nosso povo derramaram seu sangue com seus camaradas brancos, para que as estrelas e listras nunca sejam poluídas”.
Texto: Luiz Zanfelici