sexta-feira, dezembro 04, 2020

UMA GUERREIRA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO RACIAL E DE GÊNERO

 

Esta é Susie King Taylor, sua história se baseia em superações e conquistas pela liberdade e educação diante das adversidades do período escravocata norte-americano no século XIX.
Ela lutou ao lado de seu marido na Guerra civil, foi enfermeira, professora e escritora, se tornando pioneira na enfermagem, educação e na literatura. Apenas aos 14 anos, ela foi a primeira mulher afro-americana a ensinar abertamente em uma escola para homens livres, a primeira enfermeira do exército formado por afro-americanos e a primeira e única mulher afro-americana a publicar um livro de memórias relacionado as experiências da Guerra civil.
Nascida como escrava em 1848, Susie King Taylor viveu em uma uma fazenda na propriedadende Valentine Gres, na Geórgia. Aos sete anos idade, Susie foi autorizada pelo seu dono de que fosse morar com a sua avó, Dolly, em Savannah. Apesar das duras leis da Geórgia contra a educação formal de afro-americanos, Dolly apoiou a educação de Susie, mandando-a secretamente para uma escola ilegal administrada por uma mulher afro-americana livre, a Sra. Woodhouse. Depois de aprender tudo o que podia com a Sra. Woodhouse, ela continuou sua educação sob a tutela de vários professores, tanto brancos quanto negros os quais violavam conscientemente as restrições e os costumes da época.
Sua educação terminou quando ela foi forçada a voltar para sua mãe próximo ao Forte Pulaski, controlado pelos confederados, depois que sua avó foi presa por cantar hinos pela Liberdade em uma igreja. Após retornar, o forte Pulaski foi invadido pela União e Susie conseguiu fugir com seu tio e, com a proteção da União, foram morar na Ilha St. Simons, na costa sul da Geórgia, junto com outras centenas de refugiados anteriormente escravos. Lá, Susie se tornou livre e impressionou os oficiais comandantes com sua habilidade de ler e escrever. Assim, recebeu a oferta de administrar uma escola para crianças e adultos na ilha. Com apenas 14 anos Susie se tornou a primeira professora negra a educar abertamente afro-americanos na Geórgia.
O coronel abolicionista da unidade, Thomas Wentworth Higginson, escreveu mais tarde sobre Susie: "Seu amor pelo livro de ortografia é perfeitamente inesgotável". Naquele mesmo ano, Susie se casou com Edward King, um oficial negro do 33º Regimento de Infantaria de Homens afro-americanos dos Estados Unidos, e começou a servir como enfermeira e lavadeira. Fora do horário de expediente, ela ensinava os soldados a ler e escrever e, de acordo com suas memórias, “... aprendi a manejar muito bem um mosquete ... e sabia atirar em linha reta e, muitas vezes, acertar o alvo”.
Por quatro anos e três meses, ela serviu o exército da União sem remuneração. Susie e Edward permaneceram com o 33º Regimento até serem reunidos no final da guerra. Em 1866, Susie e Edward se mudaram para Savannah, onde ela abriu uma escola para crianças afro-americanas. Edward morreu (causa da morte não mencionada) alguns meses antes de seu primeiro filho nascer. Susie trabalhou como educadora por vários anos. Porém, pela falta de renda para escolas públicas recém inauguradas, Susie foi forçada a trabalhar como empregada doméstica com uma família rica para sobreviver.
Em 1874, ela se mudou para Boston e lá se casou com Russel Taylor, em 1879. Ela dedicou grande parte do resto de sua vida ao trabalho com o Woman’s Relief Corps, uma organização nacional para veteranas da Guerra Civil. Ela morreu em 1912, dez anos após publicar suas memórias no livro - Reminiscences of My Life in Camp with the 33rd United States Colored Troops, Late 1st S.C. Volunteers.
Embora reconhecesse o racismo que persistiu décadas após o fim da Guerra Civil, ela relata uma nota positiva: “Que revolução maravilhosa! Em 1861, os jornais sulistas estavam cheios de anúncios de 'escravos', mas agora, apesar de todos os obstáculos e 'problemas raciais', meu povo está se esforçando para atingir o padrão completo de todas as outras raças nascidas livres aos olhos de Deus, e em várias instâncias foram bem-sucedidas. Justiça que pedimos - ser cidadãos destes Estados Unidos, onde tantos de nosso povo derramaram seu sangue com seus camaradas brancos, para que as estrelas e listras nunca sejam poluídas”.
Texto: Luiz Zanfelici

domingo, novembro 22, 2020

sexta-feira, novembro 20, 2020

As Riquezas Humanas do Sertão: Mulher na Literatura

 

Raquel de Queiroz na Academia Brasileira de Letras

O nordestino tem motivos de sobra para se orgulhar do Nordeste.

A escritora Rachel de Queiroz, cearense, nascida em Fortaleza, em 17 de novembro de 1910, foi a primeira mulher a assumir uma cadeira na ABL - Academia Brasileira de Letras.

Hoje, se Rachel de Queiroz estivesse viva, estaria completando 110 anos de idade.

Um detalhe curioso: ela assumiu a cadeira nº 5 na ABL no dia 4 de novembro de 1977 e faleceu 26 anos depois no mesmo dia: 4 de novembro de 2003, 13 dias antes de completar 93 anos.

Foi a “Quinta ocupante da Cadeira 5, eleita em 4 de agosto de 1977, na sucessão de Candido Motta Filho e recebida pelo Acadêmico Adonias Filho em 4 de novembro de 1977.”

O QUINZE, seu primeiro livro lançado no final de 1930. Esse título – O QUINZE – está relacionado ao ano de 1915, onde a escritora presenciou os horrores da seca e em virtude desse mal que sempre assolou o Nordeste, mudou-se em 1917 - o cenário ainda não tinha mudado - para o Rio de Janeiro, com os pais. Já havia na sua memória informações suficientes para escrever a sua primeira e mais famosa obra literária.

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FAZENDA NÃO ME DEIXES: pertencente a família da escritora. Situada no distrito de Daniel de Queiroz (pai de Rachel de Queiroz), município de Quixadá, Ceará.


 COMO SURGIU ESSE NOME:

“Não Me Deixes é uma fazenda localizada no distrito de Daniel de Queiroz , município de Quixadá .Em 1870, o tio-avô de Rachel de Queiroz, o fazendeiro Arcelino de Queiroz, deu de herança a terra para um primo da escritora que preferiu vendê-la para se aventurar na extração da borracha, no Amazonas. Quando o tio soube, conseguiu recuperar a fazenda e devolveu para o herdeiro que voltou pobre e doente. Mas o fez prometer que não sairia mais do local e o batizaria de "Não Me Deixes". Quando o proprietário da fazenda morreu não tinha filhos e a terra voltou para as mãos do avô de Rachel que a deu de herança ao pai da escritora, Daniel de Queiroz Lima. Por iniciativa desta, parte da fazenda foi transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural.”

“A Fazenda Não Me Deixes, enquanto recanto preferido da escritora - falecida em 2003 e, embora natural de Fortaleza, com forte apego a Quixadá, município em que construiu a morada em questão - abriga memórias vivas da primeira mulher a adentrar a Academia Brasileira de Letras. Cada cômodo da casa sinaliza o aconchego que a autora transmitia, a paz de estar bem. Lá, é como que se o tempo, sossegado, esperasse.”

Rachel de Queiroz, uma grande mulher, uma grande escritora, uma grande nordestina.

Disponível em: <https://www.academia.org.br/aca…/rachel-de-queiroz/biografia> Acesso em: 17 de novembro de 2020.

Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogo.html…> Acesso em: 17 de novembro de 2020.

Disponível em: <https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/…/fazenda-nao-m…> Acesso em: 17 de novembro de 2020.



sexta-feira, setembro 25, 2020

A universidade mais antiga do mundo fica na África. E foi fundada por uma mulher.

 


A universidade mais antiga do mundo fica no Marrocos. Conhecida como Al-Qarawiyyin, ela foi findada em 859 AC por uma jovem princesa da Tunisia, Fatima al-Fihri.

A universidade é reconhecida pela UNESCO e pelo Guinness World Records como a mais antiga em existência, inclusive segue operacional, assim como a primeira a emitir graus educacionais.

A universidade esta localizada na cidade de Fes, um centro histórico de ensinamentos educacionais e espirituais do mundo muçulmano.

A História conta que cerca de 1200 anos atrás, al-Fihri e sua família se mudaram de Qayrawan (atual Tunisia) para Fes, Morrocos.

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A fundadora da Universidade al-Fihiri

Após a morte do pai, al-Fihri decide gastar a herança da família na construção de uma mesquita para a comunidade junto de uma madrasa, uma escola islâmica cujo objetivo era dar oportunidade as pessoas de praticarem a fé e expandirem seus conhecimentos nas questões espirituais.

A mesquita, que tem espaço para cerca de 22,000 fiéis, é uma das maiores em África.

Ao longo do tempo, Al-Qarawiyyin se tornou um dos principais centros de educação e espiritualidade do mundo.

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A madrasa inicialmente deveria focar na instrução religiosa e na memorização do Corão mas depois expandiu seus ensinos para a caligrafia, gramática Árabe, sufismo (misticismo e ascetismo islâmico), medicina, música e astronomia.

Em 1947, a escola foi registrada no sistema educacional do Estado e dez anos depois, cursos de química, física e linguagens foram abertos.

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Imagem: Tripadvisor

Em 1963, se uniu a um moderno sistema educacional do estado, e em 1965 foi oficialmente renomeada como “Universidade de al-Qarawiyyin” ao invés de simplesmente “al- Qarawiyyin”.

Ao longo dos anos a universidade atraiu os melhores professores de seu tempo.

Além de receber alunos das diversas partes do Morrocos e do Oeste africano islâmico, e até mesmo da Ásia Central Islâmica, a escola tinha um rigoroso processo de seleção.

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Algumas das condições são válidas ainda nos dias atuais. Por exemplo, estudantes que estiverem dispostos a estudar lá devem decorar todo o Corão para ao menos terem uma chance de serem aceitos.

A universidade segue a tradição em seus ensinamentos. Estudantes, especialmente aqueles com idades entre 13 e 30 anos, se sentam em semi-círculos ap redór de uma sheikh para a leitura de textos e questões sobre áreas de interesse específicas.

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A biblioteca da Universidade de Al-Qarawiyyin’s também é reconhecida como a mais antiga do mundo. Ela contém mais de 4000 manuscritos, muitos datados do século 9.

Essa reportagem foi traduzida do original por João Raphael Ramos dos Santos. A reportagem original pode ser vista em: https://face2faceafrica.com/article/the-oldest-university-is-in-africa-and-was-founded-by-a-woman?platform=hootsuite&fbclid=IwAR3SJGE3uLXhmS7dhbNlAzlSqCg6OZpmEfry2lpnedseayfDlTSYESoqBvM


quarta-feira, setembro 23, 2020

A luta de Harriet Tubman contra a escravidão nos Estados Unidos

Harriet Tubman chegou a libertar 750 escravos de uma vez

Harriet Tubman – Era uma dessas desgraçadas noites de senzala no ano de 1819. Uma negra escrava, entre dores, dava à luz a uma menina. Seus dedos magros a acolheram e apertaram. Mais uma para sofrer. Mas, naquela madrugada, no pequeno condado de Dorchester, no estado de Maryland, Estados Unidos, a menina que arejava os pulmões com gritos fortes não carregaria o peso da dor. Ela seria uma libertária, uma dessas loucas, nojentas, que nada dobra e, anos depois, se tornaria uma das mais importantes “condutoras” de negros para a liberdade.

O nome dado pela mãe foi Aramita Ross. Mas muito pouco conviveu com quem lhe deu à luz. Ainda garotinha foi levada para a plantação e ficou sob os cuidados da avó. Com seis anos de idade já estava no trabalho de uma casa branca. Apanhava muito. Uma vez levou uma surra só porque comeu um cubo de açúcar. Ela ruminava a dor e sentia que a vida lhe pesava. Quando completou 11 anos, passou a usar uma bandana na cabeça, indicando que saíra da meninice. Foi aí que mudou de nome. Virou Harriet e já tinha nos olhos o ar da rebeldia. Não foi à toa que quando viu um capataz pedindo ajuda para segurar um negro fujão, se recusou a fazê-lo. Por isso levou um golpe na cabeça e sofreu a vida toda as consequências.


Harriet cresceu ali, na plantação, a matutar. Nunca passou do 1m50. Era pequena, de olhos penetrantes e cheia de ideias de liberdade. Não ia morrer escrava. Quando tinha 25 anos casou-se com um negro livre, John Tubman, e vivia a pensar em planos de escape. Coisa que não achava eco junto ao marido. Ele não compartilhava das loucas ideias que ela sussurrava nas noites de inverno. Mas ela queria ir para o norte, fugir, ser livre também. Aguentou cinco anos e, numa destas noites, escapou no rumo da Filadélfia.

Sua fuga foi digna de filme. Ajudada por uma família branca, foi colocada dentro de um saco, num vagão, até estar segura nas casas dos abolicionistas que revezam na rota de fuga. Chegou inteira e logo começou a trabalhar. Do dinheiro que ganhava, guardava uma parte que usava para libertar outros negros. Mas, para Harriet, dar dinheiro não bastava. Aquela alma atormentada precisava agir, e ela decidiu liderar as tropas de negros e brancos que marchavam para as fazendas e libertavam os negros. Fez muitas dessas incursões. Em uma delas, no comando, chegou a libertar 750 negros de uma só vez. Tudo isso já bastaria para tornar Harriet uma lenda, mas ela ainda iria mais longe. Como não era mais uma jovenzinha, decidiu abandonar o comando das tropas e passou a atuar como “condutora”, no que ficou conhecida como a “estrada de ferro subterrânea”.

Esta estrada de ferro não era uma estrada de verdade, mas o nome dado à rota de fuga de milhares de negros em todos os Estados Unidos. Uma rede muito bem urdida de estradas, rotas e casas, as quais os negros percorriam e se abrigavam durante a grande travessia para a liberdade. Essas rotas eram pronunciadas junto aos negros sempre com os jargões da estrada de ferro, para que nenhuma suspeita fosse levantada e, justamente por isso, foram chamadas assim.

Nesse processo de fuga a figura do “condutor” era, sem dúvida a mais importante. E Harriet se fez um deles. Foi a mais famosa e a mais eficiente. Armada de revólver e da sua atávica coragem ela chegou a carregar mais de 300 pessoas para os estados em que a escravidão já estava abolida. Nunca perdeu qualquer passageiro. Ficou conhecida também a frase que dizia aos seus conduzidos quando empreendiam a caminhada rumo ao norte: “Serás livre ou morrerás”. E foi com essa bravura que também carregou para a liberdade seus irmãos de sangue e seus pais, esta última uma viagem espetacular. Não foi à toa que ficou conhecida como “o Moisés” de seu povo.

Harriet era mestra na arte da fuga e do disfarce. Graças a isso entrava e saia do sul escravista a qualquer hora. Em 1857 sua cabeça valia o prêmio de 40 mil dólares. Nunca foi pega. Durante a guerra civil estadunidense ela, já entrada nos anos, ainda serviu como enfermeira e espiã das forças federais. Seu nome é reverenciado até hoje por todos os negros e negras daquele país como uma mulher que não aceitou a sua condição e, generosa e solidária, deu sua vida para garantir a liberdade dos negros. Morreu velhinha, em 1913, considerada uma heroína nacional. Mesmo assim, foi só em 2003 que o estado instituiu o dia 10 de março (dia de sua morte) como o dia de Harriet Tubman, a Moisés do povo negro estadunidense, a condutora, aquela que nunca abriu mão da liberdade. “Há duas coisas que tenho direito: a liberdade ou a morte. Se não tiver uma, tenho a outra. Nenhum homem neste mundo vai me tomar a vida”. E assim foi.

Hoje, contam os negros, quando apita um trem lá para os lados do sul, todo aquele que sofre alguma prisão, seja física ou espiritual, sente um arrepio. É Harriet, a condutora, chamando para a grande travessia. E sempre há quem se levante e encontre o caminho.

Publicado originalmente no blog Palavras Insurgentes.

Autora: 

Jornalista. Humana, demasiado humana. Filha de Abya Yala, domadora de palavras, construtora de mundos, irmã do vento, da lua, do sol, das flores. Educadora, aprendiz, maga. Esperando o dia em que o condor e a águia voarão juntos, inaugurando o esperado pachakuti.

terça-feira, setembro 22, 2020

Ruth Bader Ginsburg grande defensora dos direitos das mulheres e minorias, liberdades civis e Estado de Direito.

 A juíza da Suprema Corte dos EUA morreu sexta-feira passada (18/9) aos 87 anos, vítima de câncer.

Não há dúvidas de que Ruth Bader Ginsburg se tornou uma grande inspiração para pessoas do mundo inteiro, se tornando a segunda mulher a servir a Suprema Corte dos Estados Unidos, e a primeira judia, ocupando o cargo ao ser nomeada por Bill Clinton. Sua carreira, marcada pela luta pelo direito das mulheres e de minorias, a transformou em uma verdadeira admiração.  Prestamos aqui uma homenagem a esta notável  feminista.

  1. - As mulheres pertencem a todos os lugares onde as decisões são tomadas. Não deveria ser que as mulheres sejam a exceção



terça-feira, setembro 15, 2020

Mulheres Artistas Plásticas Dadaístas

Como um grupo “anti-arte”, os dadaístas ficaram muito conhecidos pelas suas obras e táticas para atacar as tradições estabelecidas de arte, realizando manifestações artísticas absurdas, projetadas deliberadamente para escandalizar e chocar tanto as autoridades quanto o público, em geral.

Esse grupo vanguardista, formado por escritores, poetas e artistas plásticos, foi liderado por nomes como Tristan Tzara, Hugo Ball e Hans Arp. Além dessas personalidades muito conhecidas e faladas durante a história, o movimento também foi marcado por grandes artistas feministas dadaístas que não estão presentes em quase nenhum debate da história da arte. 

Vejam algumas que mais se destacaram:

Elsa von Freytag-Loringhoven, a Dada Baronesa que inventou o Readymade


CONTINUA


 

terça-feira, setembro 08, 2020

Emma Goldman

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Em 28 de março de 1915, Emma Goldman foi presa nos Estados Unidos por explicar o controle da natalidade. Ela escolheu passar 15 dias na cadeia por uma multa de $ 100, perante uma audiência mista de seiscentas pessoas no Sunrise Club de Nova York, Goldman explicou pela primeira vez em toda a América como se devia usar um anticoncepcional O que você sabe? Foi presa imediatamente e depois de um julgamento tempestuoso e sensacional, foi dado a escolher entre passar quinze dias em um workshop penitenciário ou pagar uma multa de cem dólares. Escolheu a cadeia e a sala inteira aplaudiu-a. Da mídia foram escritas coisas como: ′′ Emma Goldman foi mandada para a prisão por sustentar que as mulheres nem sempre devem manter a boca fechada e seu útero aberto ".

quarta-feira, setembro 02, 2020

Mia Couto - Texto

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Foto por @_visiondumonde 

Sonhe com cuidado, Mariazita. Não esqueça, você é pobre. E um pobre não sonha tudo, nem sonha depressa.
Mia Couto





Phillis Wheatley, foi a primeira escritora afro-americana a publicar um livro nos Estados Unidos.

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′′ Foi chamada Phillips, porque é assim que se chamava o navio que a trouxe, e Wheatley, que era o nome do mercador que a comprou. Nascido no Senegal. Em Boston, os negreiros a colocaram à venda:

- Ela tem sete anos! Será uma boa égua!
Foi palpada, nua, por muitas mãos.
Aos treze anos, já escrevia poemas numa língua que não era a sua. Ninguém acreditava que ela era a autora. Aos vinte anos, Phillips foi interrogada por um tribunal de dezoito ilustrados cavalheiros com toga e peruca.

Teve que recitar textos de Virgílio e Milton e algumas passagens da Bíblia, e também teve que jurar que os poemas que tinha escrito não eram plagiados. De uma cadeira, rendeu o seu longo exame, até que o tribunal a aceitou: era mulher, era negra, era escrava, mas era poeta."


terça-feira, agosto 11, 2020

As Anciãs Indígenas e Suas Sabedorias

 A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, texto que diz ""Disse a anciă curandeira da alma: Não doem as costas, doem as cargas. Não doem os olhos, dói a injustiça. Não dói a cabeça, doem os pensamentos. Não dói a garganta, dói o que não se expressa ou se exprime com raiva. Não dói o estômago, dói o que a alma não digere. Não dói fígado, dói a raiva contida. Não dói o coração, dái amor. Eé precisamente ele, oamor mesmo, quem contém ο mais poderoso remédio.""

Micaela Bastidas, guerreira de nossa América

Elastic Generation: a geração que está mudando a maneira como envelhecemos

 

Liderada por mulheres, a Elastic Generation está quebrando modelos de comportamentrelacionados à beleza, mercado de trabalho, sexualidade, estética, relacionamento e consumo.

A nova maturidade não é frágil, nem dependente. Pelo contrário. Talvez você ainda não esteja familiarizada com o termo Elastic Generation, mas não se engane. Ele deve se tornar tão comum quanto falar em millenials - e num futuro próximo ser ainda mais relevante do que esta parcela da população, já que o mundo não para de envelhecer. Segundo o IBGE, o número de idosos deve superar o de jovens no Brasil em 2060. Uma realidade que diversos países europeus conhecem faz tempo.

Mas o que mudou, então, nos últimos anos, quando o assunto é envelhecimento? Esqueça todos os conceitos ultrapassados que estão arraigados dentro de você. Idade biológica não significa mais nada. A Elastic Generation, capitaneada por mulheres, está quebrando modelos de comportamento relacionados à beleza, mercado de trabalho, sexualidade, estética, relacionamento e consumo. Quem está abaixo dos 60 já é, inclusive, influenciado pela maneira como essas mulheres enxergam a vida. Duvida? "As mulheres maduras são grandes influenciadoras. São referência para as mais jovens, que querem chegar a essa idade como elas. É um grande shift aspiracional o que está acontecendo", explica Layla Vallias, co-fundadora da agência de marketing e consultoria Hype60+. A empresa se dedica a estudar essa parcela da população e reúne material para entender o comportamento dessa geração revolucionária, como ela mesmo define as mulheres acima dos 50 anos.

A Elastic Generation é a geração baby-boomer, aquela que nasceu entre 1946-1964, e foi foi a grande protagonista das revoluções sociais no mundo de uma maneira geral. Falando especificamente das mulheres, elas são as que saíram de casa para trabalhar, decidiram tomar pílula, fazer planejamento familiar, normatizaram o divórcio, entre outras transformações. As gerações mais jovens bebem muito no conjunto de atos dessas mulheres, que foram as grandes revolucionárias dos nossos direitos. Então, me parece óbvio, que elas seriam revolucionárias também na longevidade e estariam criando um novo conceito de como envelhecer. Estão ativas, trabalhando, consumindo, por isso ganharam o título de Elastic Generation. Essas mulheres fazem com que paremos de definir cada geração somente pela idade. O foco agora é o comportamento, é algo muito mais fluído. Já se fala agora de idade fluida (tal como quando o assunto é sexualidade). A idade, de fato, está muito mais na nossa cabeça, no nosso perfil individual de cada um, no estilo de vida, do que em quantos anos você tem.




quarta-feira, julho 22, 2020

Covid mata anciãs que curam, rezam e lutam, e deixa povos indígenas órfãos.

Fonte: Conexão Planeta

A anciã Mônica Renhinhãi'õ era uma índia xavante que vivia na aldeia Aõpá, no município de Alto Boa Vista (MT), e faria 100 anos na última quarta-feira. Vinte cinco dias antes do seu aniversário, entretanto, a Covid-19 a levou. Entre os xavantes, as mulheres são as guardiãs das sementes que dão os frutos. Apesar da idade avançada, Mônica integrava desde 2018 o grupo chamado "Mulheres coletoras de sementes da terra indígena Marãiwatsédé". Quem participava do grupo conta que ela trabalhava todo os dias.


Mônica é uma das 23 anciãs indígenas que morreram vítima da Covid-19 até o dia 30 de junho, segundo dados coletados da Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira). Entre os homens, foram 55 casos de mortes acima de 60 anos. Os números, porém, devem ser bem maiores, porque nem todos os índios têm idade confirmada. Para os indígenas, elas não são apenas idosas que partiram. A tradição garante aos anciãos a missão de serem guias de gerações com ensinamentos, histórias e missões nas terras indígenas na Amazônia. E as mulheres têm um papel fundamental nesse contexto. Há povos em que as anciãs são as guardiãs das ervas e das receitas e seus segredos de cura. 
Na Amazônia, como o acesso de índios a serviços médicos é raro, a maioria absoluta dos problemas de saúde são resolvidos entre eles mesmos nas aldeias. Entre os índios, a morte de uma anciã ou um ancião é tratada como se uma biblioteca viva fosse perdida, é um conhecimento que se esvai.
Nesse cenário, a Covid-19 tem destruído várias dessas bibliotecas. Universa conta aqui um pouco das tradições seculares das mulheres idosas que deixaram a vida para se tornarem história de seus povos. Lusia dos Santos Borari, 87, foi a primeira indígena a morrer por Covid-19 no país, em 19 de março, em Alter do Chão (PA). Segundo a conselheira Distrital de Saúde Indígena e liderança no Baixo Tapajós, Luana Kumaruara, dona Lusia era tataravó e deixou um cacicado formado só por mulheres indígenas chamado Sapu Borari.

O breve relato das cholas anarquistas que foram ao redor do mundo

(Foto izquierda Rosa Rodríguez, a su lado Peta Infantes)



A breve revisão das cholas anarquistas
que foram ao redor do mundo


Em 2018, eu estava pesquisando sobre a guerra do Chaco 
e alguns textos que nunca apareceram na escola ou na 
universidade saltaram para mim. Eles chamaram minha
atenção muito, especialmente pelo rico conteúdo histórico,
simbólico e vingativo, que os ares do fascismo na 
América Latina estavam atingindo seu ponto mais alto e 
vieram como remédio.
A pequena história foi contada e continua a circular 
pela "fase" e outras redes, do México à Argentina, 
Colômbia, Peru, Japão, Noruega e Bolívia, é claro,
um grupo de mulheres nos deu os direitos de que 
gozamos e por razões políticas (a MNR é o culpado), 
foi decidido remover esses dados da história da qual 
fazemos parte. A trilha perdida do movimento anarquista
na Bolívia durou até depois da Guerra do Chaco,
o espírito revolucionário reacende em nossos 
tempos como uma resposta à esquerda centrada 
nos EUA e uma direita mais opressiva, sangrenta e 
oligárquica do que antes.
Quem quiser se aprofundar na história pode adquirir
o livro Lxs Artesanxs Libertarxs, de Silvia Rivera 
Cusicanqui e Zulema Lehm Ardaya, da editora 
Tinta de Limon, um tremendo trabalho que foi dado 
para compilar um excelente momento de nossa história.
Deixo-lhe a crítica popular.

Uma história de cholas.

Há 83 anos, em La Paz, Bolívia, foi emitida uma lei 
municipal que proíbe as cholas, as mulheres de saia, 
de andar de bonde. Petrolina Infantes, conhecida como 
Peta e Rosa Rodríguez, e outros anarquistas da pollera estão 
liderando um movimento que mais tarde será 
conhecido como Culinária. Um grupo de mulheres consegue
derrubar a lei municipal injusta, que garantia que as 
mulheres de saias deixassem as mulheres desconfortáveis 
​​nos bondes e, por esse motivo, não poderiam usá-las 
para chegar ao trabalho nos mercados. Mais tarde, eles 
alcançam um grupo através do ativismo de um grande 
número de criadas, babás e macapayas. Outros grupos 
de mulheres anarco-sindicalistas surgiram, como 
a União das Mulheres de Floristas ou a União 
dos Viajantes do Altiplano, que se estendia ao Peru.
Esses sindicatos e outros se uniram para formar a FOF 
(Federação das Mulheres Trabalhadoras), que mantinha
viva a FOL (Federação das Trabalhadoras Locais). 
Esses grupos anarquistas venceram lutas pelo povo 
boliviano de que ninguém se lembra. Entre eles, o 
direito ao divórcio, o reconhecimento da arte culinária 
como profissão, o restante dos trabalhadores no 
domingo, a criação de creches para as mães que 
trabalham e a abolição da identidade e cartão 
de saúde obrigatórios impostos pelos fascistas. 
Essas mulheres de saia com bravura, anarquia
e solidariedade alcançaram muito e foram 
esquecidas. Todos os sindicatos do FSUTCB 
ao COB devem suas bases, assim como a esquerda 
boliviana deve tanto ao anarquismo que está 
retornando em resposta a esses tempos incertos.
(Foto deixou Rosa Rodríguez, 
ao lado de seu Peta Infantes)



La breve reseña de cholas anarquistas 
que dio vuelta al mundo


El año 2018 me encontraba realizando una investigación 
sobre la guerra del Chaco y me saltaron unos textos 
que jamás habían aparecido en el colegio ni en la 
Universidad. Me llamaron mucho la atención, en especial
por el rico contenido histórico, simbólico, reivindicatorio, 
los aires del fascismo en Latinoamérica estaban llegando 
a su punto más alto y llegaron como un remedio.
La pequeña historia dio vueltas y sigue circulando por el 
“fase” y otras redes, desde México hasta Argentina, 
Colombia, Perú, Japón, Noruega y Bolivia por supuesto, 
un grupo de mujeres nos dio los derechos que gozamos 
y por motivos políticos (el MNR es el culpable), se decidió
desaparecer estos datos de la historia de la cual somos
parte. El rastro perdido del movimiento anarquista 
en Bolivia duró hasta pasada la Guerra del Chaco, 
el espíritu revolucionario vuelve a encenderse en 
nuestros tiempos como respuesta a una izquierda 
EEUUrocentrista, y una derecha más opresora, 
sanguinaria y oligarca que antes.
Los que quieran profundizar en la historia pueden 
adquirir el libro Lxs Artesanxs Libertarxs de Silvia 
Rivera Cusicanqui y Zulema Lehm Ardaya de editorial 
Tinta de Limon, tremendo trabajo que se dieron 
de recopilar un excelente momento de nuestra historia.
Les dejo la popular reseña.

Una historia de cholas.

Hace 83 años en La Paz Bolivia sale una ley municipal 
que prohíbe a las cholas, mujeres de pollera subir al tranvía. 
Petrolina Infantes conocida como Peta y Rosa Rodríguez
y otras anarquistas de pollera encabezan un movimiento
que será después conocido como las Culinarias. 
Una agrupación femenina logra tumbar la injusta ley 
municipal, que aseguraba que las mujeres de pollera 
incomodaban a las señoras en los tranvías y por ese 
motivo no podían hacer uso del mismo para llegar a 
sus puestos de trabajo en los mercados. 
Posterior logran una agrupación mediante el activismo 
de un gran número de sirvientas, niñeras y 
macapayas. Otras agrupaciones de anarcosindicalistas
femeninas surgían, como la Unión Femenina de Floristas 
o el Sindicato de viajeras del Altiplano que se extendía 
a Perú, estos sindicatos y otros se agruparon para 
formar la FOF (Federación Obrera Femenina) quien 
mantuvo en vida a la FOL (Federación Obrera Local). 
Estos grupos anarquistas ganaron luchas para el pueblo 
boliviano que nadie recuerda. Entre ellas el derecho 
al divorcio, el reconocimiento del arte culinario 
como profesión, el descanso de los trabajadores 
el domingo, la creación de las guarderías para madres 
trabajadoras, y la abolición de la obligatoriedad 
del carnet de identidad y sanidad impuesta por los 
fascistas. Estas mujeres de pollera con valentía anarquía 
y solidaridad lograron mucho y pasaron al olvido. 
Todos los sindicatos de desde la FSUTCB hasta la COB
les deben sus bases, así como la izquierda boliviana 
le debe tanto al anarquismo que está volviendo 
como respuesta a estos tiempos inciertos. Junio 
mes de las Culinarias y la mujer trabajadora 
boliviana, que siempre supo sacar adelante al 
pueblo cuando los hombres no podían.