quarta-feira, junho 14, 2017

ANÁLIA FRANCO - A EDUCADORA E SEU TEMPO




* Anália Franco é escolhida para Patrona da Feira do Livro de Resende.
- A professora e escritora Eliane de Christo lançou livro sobre a educadora, que nasceu em Resende em 1853.

A FLIR (Feira do Livro de Resende), que terá sua terceira edição em junho de 2017, anunciou o nome esperado para a patrona do evento.
Anália Franco, conhecida pelo seu trabalho na educação brasileira, será a grande homenageada da FLIR.
Nascida em 1856, na cidade de Resende, Rio de Janeiro, Anália Franco Bastos, mais conhecida como Anália Franco, após passar em um concurso da Câmara de SP, diploma-se como Normalista, aos 16 anos de idade, exercendo o cargo de professora primária. Já se notava como excelente literata, jornalista e poetisa, entretanto após a Lei do Ventre Livre, sua verdadeira vocação se exteriorizou.
Trocou seu cargo na Capital de São Paulo por outro no interior, a fim de socorrer criancinhas necessitadas. Anália aluga uma fazenda e inaugura a primeira “Casa Maternal”, atendendo a todas as crianças que lhe batiam à porta, levadas por parentes ou apanhadas nas moitas e desvios dos caminhos. A fazendeira, vendo que a sua casa, se transformara num albergue de “negrinhos”, resolveu acabar com aquele “escândalo” em sua fazenda.
Sem muitos recursos, Anália aluga uma casa na cidade junto ao seu grupo, que ela chamava em seus escritos de “meus alunos sem mães”, anuncia que, ao lado da escola pública, havia um pequeno “abrigo” para as crianças desamparadas, o que enche a cidade de curiosos. Moça e magra, modesta e altiva, aquela impressionante figura de mulher, que mendigava para filhos de escravas, tornou- se um escândalo. Mas rugiu a seu favor um grupo de abolicionistas e republicanos, contra o grande grupo de católicos, escravocratas e monarquistas.
Em SP, entra para o grupo abolicionista e republicano, porém sua missão não era a política e sim, com as crianças desamparadas, levando-a a fundar uma revista própria – “Álbum das Meninas”, em abril de 1898. O advento dessa nova era encontrou Anália com dois grandes colégios gratuitos para meninas e meninos. Logo se une à vinte senhoras amigas, fundando o instituto educacional “Associação Feminina Beneficente e Instrutiva”.
A partir daí, criou muitas “Escolas Maternais” e “Escolas Elementares”, além do “Liceu Feminino”, com a finalidade de instruir e preparar professoras para suas escolas. Em 1903, passou a publicar “A Voz Maternal”, revista mensal com a apreciável tiragem de 6 mil exemplares, impressos em oficinas próprias.
Era romancista, escritora, teatróloga e poetisa. Escreveu uma infinidade de livretos para a educação das crianças e para escolas, os quais são dignos de serem adotados nas escolas públicas. Escreveu três romances: “A Égide Materna”, “A Filha do Artista”, e “A Filha Adotiva”, além de peças de teatro. Era espírita fervorosa, revelando sempre inusitado interesse pelas coisas atinentes à Doutrina Espírita.
Em 1911 conseguiu, sem qualquer recurso financeiro, a “Chácara Paraíso”. Onde fundou a “Colônia Regeneradora D. Romualdo”, onde ficavam os garotos aptos para a lavoura, a horticultura e outras atividades agropastoris, recolhendo ainda moças desviadas, conseguindo assim regenerar centenas de mulheres. Seu desencarne foi em 1919, quando ia ao Rio de Janeiro para fundar mais uma instituição, que posteriormente se concretizada por seu esposo, que ali fundou o “Asilo Anália Franco”.
A sementeira de Anália Franco consistiu em 1971, 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, 1 banda musical feminina, 1 orquestra, 1 grupo dramático, além de oficinas para manufatura de chapéus, flores artificiais, etc., em 24 cidades do Interior e da Capital.
ANÁLIA FRANCO NA FLIR



Na FLIR, Anália Franco será homenageada através de uma exposição na entrada do evento contando sua trajetória de vida e mostrando através de fotografias como era sua vida naquela época. Também estará a venda o livro Anália Franco a educadora e seu tempo, onde a Editora Comenius tem o prazer de oferecer aos leitores duas visões, duas pesquisas, duas autoras, num só livro, sobre uma só mulher.
As autoras são Eliane de Christo, jornalista e Psicanalista e Samantha Lodi, formada em Comunicação Social e doutora em Educação pela Unicamp. "Para nós, há uma urgência de darmos voz a figuras históricas que estiveram à frente de seu tempo e agiram para transformar o mundo. Num momento em que as pessoas se desiludem da ação, sentem-se impotentes diante de um contexto complexo e de problemas graves que atingem a sociedade, é bom nos inspirarmos em humanistas que se envolveram em grandes projetos.É o caso de Anália Franco.
Numa época em que mulheres não tinham nenhuma participação social no Brasil e ainda pouquíssimas conquistas no mundo - em que a maioria entre nós era analfabeta, sem direito a voto, sem direito ao trabalho remunerado; num contexto em que negros eram considerados “raça inferior”, primeiro escravos e depois, excluídos do projeto político de se fazer a nação brasileira; numa sociedade em que a religião hegemônica era o Catolicismo conservador – essa educadora brasileira atuou fortemente para que crianças e mulheres tivessem acesso à educação, independente de credo, de raça e de classe social. Ela buscou, com seu projeto, uma luta igualitária, de quem acreditava na liberdade e pôs em prática um projeto de resgate da dignidade dos mais excluídos." coloca as autoras.
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O quê: FLIR - Feira do Livro de Resende
Data: junho de 2017
Local: Parque de Exposições de Resende, Resende-RJ
Acesso: Gratuito
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