sexta-feira, setembro 25, 2020

A universidade mais antiga do mundo fica na África. E foi fundada por uma mulher.

 


A universidade mais antiga do mundo fica no Marrocos. Conhecida como Al-Qarawiyyin, ela foi findada em 859 AC por uma jovem princesa da Tunisia, Fatima al-Fihri.

A universidade é reconhecida pela UNESCO e pelo Guinness World Records como a mais antiga em existência, inclusive segue operacional, assim como a primeira a emitir graus educacionais.

A universidade esta localizada na cidade de Fes, um centro histórico de ensinamentos educacionais e espirituais do mundo muçulmano.

A História conta que cerca de 1200 anos atrás, al-Fihri e sua família se mudaram de Qayrawan (atual Tunisia) para Fes, Morrocos.

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A fundadora da Universidade al-Fihiri

Após a morte do pai, al-Fihri decide gastar a herança da família na construção de uma mesquita para a comunidade junto de uma madrasa, uma escola islâmica cujo objetivo era dar oportunidade as pessoas de praticarem a fé e expandirem seus conhecimentos nas questões espirituais.

A mesquita, que tem espaço para cerca de 22,000 fiéis, é uma das maiores em África.

Ao longo do tempo, Al-Qarawiyyin se tornou um dos principais centros de educação e espiritualidade do mundo.

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A madrasa inicialmente deveria focar na instrução religiosa e na memorização do Corão mas depois expandiu seus ensinos para a caligrafia, gramática Árabe, sufismo (misticismo e ascetismo islâmico), medicina, música e astronomia.

Em 1947, a escola foi registrada no sistema educacional do Estado e dez anos depois, cursos de química, física e linguagens foram abertos.

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Imagem: Tripadvisor

Em 1963, se uniu a um moderno sistema educacional do estado, e em 1965 foi oficialmente renomeada como “Universidade de al-Qarawiyyin” ao invés de simplesmente “al- Qarawiyyin”.

Ao longo dos anos a universidade atraiu os melhores professores de seu tempo.

Além de receber alunos das diversas partes do Morrocos e do Oeste africano islâmico, e até mesmo da Ásia Central Islâmica, a escola tinha um rigoroso processo de seleção.

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Algumas das condições são válidas ainda nos dias atuais. Por exemplo, estudantes que estiverem dispostos a estudar lá devem decorar todo o Corão para ao menos terem uma chance de serem aceitos.

A universidade segue a tradição em seus ensinamentos. Estudantes, especialmente aqueles com idades entre 13 e 30 anos, se sentam em semi-círculos ap redór de uma sheikh para a leitura de textos e questões sobre áreas de interesse específicas.

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A biblioteca da Universidade de Al-Qarawiyyin’s também é reconhecida como a mais antiga do mundo. Ela contém mais de 4000 manuscritos, muitos datados do século 9.

Essa reportagem foi traduzida do original por João Raphael Ramos dos Santos. A reportagem original pode ser vista em: https://face2faceafrica.com/article/the-oldest-university-is-in-africa-and-was-founded-by-a-woman?platform=hootsuite&fbclid=IwAR3SJGE3uLXhmS7dhbNlAzlSqCg6OZpmEfry2lpnedseayfDlTSYESoqBvM


quarta-feira, setembro 23, 2020

A luta de Harriet Tubman contra a escravidão nos Estados Unidos

Harriet Tubman chegou a libertar 750 escravos de uma vez

Harriet Tubman – Era uma dessas desgraçadas noites de senzala no ano de 1819. Uma negra escrava, entre dores, dava à luz a uma menina. Seus dedos magros a acolheram e apertaram. Mais uma para sofrer. Mas, naquela madrugada, no pequeno condado de Dorchester, no estado de Maryland, Estados Unidos, a menina que arejava os pulmões com gritos fortes não carregaria o peso da dor. Ela seria uma libertária, uma dessas loucas, nojentas, que nada dobra e, anos depois, se tornaria uma das mais importantes “condutoras” de negros para a liberdade.

O nome dado pela mãe foi Aramita Ross. Mas muito pouco conviveu com quem lhe deu à luz. Ainda garotinha foi levada para a plantação e ficou sob os cuidados da avó. Com seis anos de idade já estava no trabalho de uma casa branca. Apanhava muito. Uma vez levou uma surra só porque comeu um cubo de açúcar. Ela ruminava a dor e sentia que a vida lhe pesava. Quando completou 11 anos, passou a usar uma bandana na cabeça, indicando que saíra da meninice. Foi aí que mudou de nome. Virou Harriet e já tinha nos olhos o ar da rebeldia. Não foi à toa que quando viu um capataz pedindo ajuda para segurar um negro fujão, se recusou a fazê-lo. Por isso levou um golpe na cabeça e sofreu a vida toda as consequências.


Harriet cresceu ali, na plantação, a matutar. Nunca passou do 1m50. Era pequena, de olhos penetrantes e cheia de ideias de liberdade. Não ia morrer escrava. Quando tinha 25 anos casou-se com um negro livre, John Tubman, e vivia a pensar em planos de escape. Coisa que não achava eco junto ao marido. Ele não compartilhava das loucas ideias que ela sussurrava nas noites de inverno. Mas ela queria ir para o norte, fugir, ser livre também. Aguentou cinco anos e, numa destas noites, escapou no rumo da Filadélfia.

Sua fuga foi digna de filme. Ajudada por uma família branca, foi colocada dentro de um saco, num vagão, até estar segura nas casas dos abolicionistas que revezam na rota de fuga. Chegou inteira e logo começou a trabalhar. Do dinheiro que ganhava, guardava uma parte que usava para libertar outros negros. Mas, para Harriet, dar dinheiro não bastava. Aquela alma atormentada precisava agir, e ela decidiu liderar as tropas de negros e brancos que marchavam para as fazendas e libertavam os negros. Fez muitas dessas incursões. Em uma delas, no comando, chegou a libertar 750 negros de uma só vez. Tudo isso já bastaria para tornar Harriet uma lenda, mas ela ainda iria mais longe. Como não era mais uma jovenzinha, decidiu abandonar o comando das tropas e passou a atuar como “condutora”, no que ficou conhecida como a “estrada de ferro subterrânea”.

Esta estrada de ferro não era uma estrada de verdade, mas o nome dado à rota de fuga de milhares de negros em todos os Estados Unidos. Uma rede muito bem urdida de estradas, rotas e casas, as quais os negros percorriam e se abrigavam durante a grande travessia para a liberdade. Essas rotas eram pronunciadas junto aos negros sempre com os jargões da estrada de ferro, para que nenhuma suspeita fosse levantada e, justamente por isso, foram chamadas assim.

Nesse processo de fuga a figura do “condutor” era, sem dúvida a mais importante. E Harriet se fez um deles. Foi a mais famosa e a mais eficiente. Armada de revólver e da sua atávica coragem ela chegou a carregar mais de 300 pessoas para os estados em que a escravidão já estava abolida. Nunca perdeu qualquer passageiro. Ficou conhecida também a frase que dizia aos seus conduzidos quando empreendiam a caminhada rumo ao norte: “Serás livre ou morrerás”. E foi com essa bravura que também carregou para a liberdade seus irmãos de sangue e seus pais, esta última uma viagem espetacular. Não foi à toa que ficou conhecida como “o Moisés” de seu povo.

Harriet era mestra na arte da fuga e do disfarce. Graças a isso entrava e saia do sul escravista a qualquer hora. Em 1857 sua cabeça valia o prêmio de 40 mil dólares. Nunca foi pega. Durante a guerra civil estadunidense ela, já entrada nos anos, ainda serviu como enfermeira e espiã das forças federais. Seu nome é reverenciado até hoje por todos os negros e negras daquele país como uma mulher que não aceitou a sua condição e, generosa e solidária, deu sua vida para garantir a liberdade dos negros. Morreu velhinha, em 1913, considerada uma heroína nacional. Mesmo assim, foi só em 2003 que o estado instituiu o dia 10 de março (dia de sua morte) como o dia de Harriet Tubman, a Moisés do povo negro estadunidense, a condutora, aquela que nunca abriu mão da liberdade. “Há duas coisas que tenho direito: a liberdade ou a morte. Se não tiver uma, tenho a outra. Nenhum homem neste mundo vai me tomar a vida”. E assim foi.

Hoje, contam os negros, quando apita um trem lá para os lados do sul, todo aquele que sofre alguma prisão, seja física ou espiritual, sente um arrepio. É Harriet, a condutora, chamando para a grande travessia. E sempre há quem se levante e encontre o caminho.

Publicado originalmente no blog Palavras Insurgentes.

Autora: 

Jornalista. Humana, demasiado humana. Filha de Abya Yala, domadora de palavras, construtora de mundos, irmã do vento, da lua, do sol, das flores. Educadora, aprendiz, maga. Esperando o dia em que o condor e a águia voarão juntos, inaugurando o esperado pachakuti.

terça-feira, setembro 22, 2020

Ruth Bader Ginsburg grande defensora dos direitos das mulheres e minorias, liberdades civis e Estado de Direito.

 A juíza da Suprema Corte dos EUA morreu sexta-feira passada (18/9) aos 87 anos, vítima de câncer.

Não há dúvidas de que Ruth Bader Ginsburg se tornou uma grande inspiração para pessoas do mundo inteiro, se tornando a segunda mulher a servir a Suprema Corte dos Estados Unidos, e a primeira judia, ocupando o cargo ao ser nomeada por Bill Clinton. Sua carreira, marcada pela luta pelo direito das mulheres e de minorias, a transformou em uma verdadeira admiração.  Prestamos aqui uma homenagem a esta notável  feminista.

  1. - As mulheres pertencem a todos os lugares onde as decisões são tomadas. Não deveria ser que as mulheres sejam a exceção



terça-feira, setembro 15, 2020

Mulheres Artistas Plásticas Dadaístas

Como um grupo “anti-arte”, os dadaístas ficaram muito conhecidos pelas suas obras e táticas para atacar as tradições estabelecidas de arte, realizando manifestações artísticas absurdas, projetadas deliberadamente para escandalizar e chocar tanto as autoridades quanto o público, em geral.

Esse grupo vanguardista, formado por escritores, poetas e artistas plásticos, foi liderado por nomes como Tristan Tzara, Hugo Ball e Hans Arp. Além dessas personalidades muito conhecidas e faladas durante a história, o movimento também foi marcado por grandes artistas feministas dadaístas que não estão presentes em quase nenhum debate da história da arte. 

Vejam algumas que mais se destacaram:

Elsa von Freytag-Loringhoven, a Dada Baronesa que inventou o Readymade


CONTINUA


 

terça-feira, setembro 08, 2020

Emma Goldman

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Em 28 de março de 1915, Emma Goldman foi presa nos Estados Unidos por explicar o controle da natalidade. Ela escolheu passar 15 dias na cadeia por uma multa de $ 100, perante uma audiência mista de seiscentas pessoas no Sunrise Club de Nova York, Goldman explicou pela primeira vez em toda a América como se devia usar um anticoncepcional O que você sabe? Foi presa imediatamente e depois de um julgamento tempestuoso e sensacional, foi dado a escolher entre passar quinze dias em um workshop penitenciário ou pagar uma multa de cem dólares. Escolheu a cadeia e a sala inteira aplaudiu-a. Da mídia foram escritas coisas como: ′′ Emma Goldman foi mandada para a prisão por sustentar que as mulheres nem sempre devem manter a boca fechada e seu útero aberto ".

quarta-feira, setembro 02, 2020

Mia Couto - Texto

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Foto por @_visiondumonde 

Sonhe com cuidado, Mariazita. Não esqueça, você é pobre. E um pobre não sonha tudo, nem sonha depressa.
Mia Couto





Phillis Wheatley, foi a primeira escritora afro-americana a publicar um livro nos Estados Unidos.

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′′ Foi chamada Phillips, porque é assim que se chamava o navio que a trouxe, e Wheatley, que era o nome do mercador que a comprou. Nascido no Senegal. Em Boston, os negreiros a colocaram à venda:

- Ela tem sete anos! Será uma boa égua!
Foi palpada, nua, por muitas mãos.
Aos treze anos, já escrevia poemas numa língua que não era a sua. Ninguém acreditava que ela era a autora. Aos vinte anos, Phillips foi interrogada por um tribunal de dezoito ilustrados cavalheiros com toga e peruca.

Teve que recitar textos de Virgílio e Milton e algumas passagens da Bíblia, e também teve que jurar que os poemas que tinha escrito não eram plagiados. De uma cadeira, rendeu o seu longo exame, até que o tribunal a aceitou: era mulher, era negra, era escrava, mas era poeta."