sábado, dezembro 29, 2018

Manuela Sáenz defensora dos direitos da mulher

Não tem sido fácil para a história da América independente incluir o nome de Manuela Sáenz em sua lista de heróis. Se sua condição de mulher tornava difícil, seu status de amante do Libertador complicava ainda mais as coisas. A historiografia do século XIX, temendo pela memória do "maior homem da América", seria responsável por omitir a presença dessa mulher em seu círculo.Com tudo e com isso, as anedotas se tornaram conhecidas, e a mesma história viu a necessidade de conceder a Manuela Sáenz a categoria de heroína.
Nasceu em 1795 em Quito, então uma cidade francesa, na qual os grandes salões que acolhem a aristocracia marcharam ao ritmo de uma concepção frouxa de moralidade e distrações entre crioulos e espanhóis, que logo se tornaria sangrenta. guerra entre patriotas e realistas. Ela era a filha natural de Simón Sáenz, um comerciante espanhol e monarquista, e María Joaquina de Aizpuru, uma linda filha de espanhóis de linhagem, que no futuro tomaria partido dos rebeldes.
Desde tenra idade, ela entrou em contato com uma série de eventos que incentivam o seu interesse na política. Em 1809, a aristocracia crioula já estava conspirando contra o poder dos hispânicos e, a partir de então, uma série de revoltas sangrentas começou a acontecer. Talvez as circunstâncias familiares levaram Manuela a optar por revolucionários: ela testemunhou desfiles de prisioneiros pela janela de sua casa e ficou maravilhada com as façanhas de Dona Manuela Cañizares, a quem ela considerava heroína quando soube que os conspiradores se encontraram clandestinamente sua casa
Por causa das próprias revoltas, porém, ela deixou a cidade para se refugiar com sua mãe na fazenda de Catahuango. Lá ela se tornou uma excelente amazona, enquanto sua mãe a ensinava a se comportar na sociedade e a lidar com as artes do bom vestido, bordados e confeitaria. Algum tempo depois ambos retornaram a Quito, e a mãe decidiu interná-la no convento de Santa Catalina; Eu tinha então dezessete anos de idade.
O fascínio de Manuela pela vida pública e seu ímpeto rebelde abandonariam prontamente o claustro do convento. Aprendeu a ler e a escrever, virtudes que lhe permitiam iniciar uma relação epistolar com seu futuro amante: Fausto Delhuyar, coronel do exército do rei. Com ele, ele escapou para descobrir mais tarde a infelicidade de sua infertilidade e a infelicidade de estar ao lado de um charlatão. A fofoca do amante significava que ele teria que se casar com James Thorne, um médico de quarenta anos que trocava com seu pai e a quem ele nunca amaria.

quinta-feira, dezembro 27, 2018

Sexo com menores passa a ser considerado estupro na Índia, mesmo dentro do casamento


A nova lei é um marco para as mulheres da Índia

A difícil situação vivida pelas mulheres na Índia.


Com mais de 1 bilhão de habitantes, o país asiático se tornou um dos locais mais inóspitos para uma mulher viver.

Com altos índices de estupros e violações por parte de homens de diferentes idades, as mulheres indianas se viram num beco que não oferecia outra saída senão a luta. Os obstáculos são muitos, mas não o suficiente para impedir conquistas históricas como a aprovação de lei que tipifica sexo com crianças como estupro.
A decisão foi tomada pela corte suprema da Índia, derrubando uma cláusula permitindo que os homens mantivessem relações sexuais com menores de idade caso eles fossem casados com elas. Oficialmente a idade para o sexo consensual era de 18 anos, mas em casos de casamento, garotas de 15 deveriam manter relações com seus parceiros. Mesmo contra sua vontade.aO fato se coloca como um marco na história do país que registra em média um estupro a cada 21 minutos. Assim, fica mais difícil que estupradores escapem da punição amparados pela justiça. Para representantes da corte suprema, a alteração é fundamental para a superação de uma cláusula permitindo que os homens mantivessem relações sexuais com menores de idade caso eles fossem casados com elas. Oficialmente a idade para o sexo consensual era de 18 anos, mas em casos de casamento, garotas de 15 deveriam manter relações com seus parceiros. Mesmo contra sua vontade.
O fato se coloca como um marco na história do país que registra em média um estupro a cada 21 minutos. Assim, fica mais difícil que estupradores escapem da punição amparados pela justiça. Para representantes da corte suprema, a alteração é fundamental para a superação de uma cláusula “discriminatória, capciosa e arbitrária e que viola a integridade corpórea das  crianças.”
As mulheres indianas estão provocando uma revolução no país

O feminismo pelos direitos das mulheres indianas

Ao mesmo tempo em que o machismo segue deixando marcas nas mulheres da sociedade indiana, uma onda feminista crescente está transformando a realidade de indianas.
No sentido de aumentar os direitos das mulheres pela equidade de gênero, a capital Nova Déli acaba de aprovar uma medida que reserva um terço dos assentos na câmara para parlamentares do sexo feminino. O projeto de lei tramita desde 1996.
Ao se tornarem cada vez mais presentes em espaços de poder, as mulheres vão ter condições de bater de frente com práticas históricas de um país calçado no machismo e que insiste em manter as mulheres, responsáveis por 40% do eleitorado, em segundo plano.
“Este julgamento é um marco que corrige um erro histórico contra as meninas. Como o casamento pode ser usado como critério que pune garotas?questiona ao site da BBC Vikram Srivastava, fundadora do grupo de campanha Independent Thought (Pensamento Independente).
Agora, mulheres menores de 18 anos vão poder prestar queixa acusando seus maridos de estupro. Mas atenção, é preciso realizar a denúncia em um prazo máximo de um ano.
“A sanção é um passo para proteger meninas de abuso e exploração de seus corpos tendo como cortina de fumaça seu status matrimonial. Talvez esta decisão corajosa inspire o governo indiano a tomar medidas protetivas como combater os abusos em todos os casamentos,” explica para o Global Citizen Divya Srinivasan, membra da associação para os direitos das mulheres Equidade Agora.  

A Índia ocupa a 10ª posição do ranking sobre casamento infantil. A pesquisa da organização Girls Not Brides (Crianças, não noivas) dá conta de que 47% das jovens estão casadas antes mesmo dos 18 anos completos. 

Histórias das mulheres, histórias feministas - Exposição no MASP, 2019

MASP TERÁ ANO DEDICADO ÀS "HISTÓRIAS DAS MULHERES, HISTÓRIAS FEMINISTAS"

O Museu de Arte de São Paulo terá um 2019 dedicado à reflexão dos valores de gênero dentro da história da arte e celebração das histórias e dos trabalhos de mulheres ao longo dos séculos. Confira a programação


O Museu de Arte de São Paulo terá um 2019 dedicado à reflexão dos valores de gênero dentro da história da arte e celebração das histórias e dos trabalhos de mulheres ao longo dos séculos. Confira a programação.

Djanira: a memória de seu povo

2º subsolo - março a maio, MASP

junho - outubro, Casa Roberto Marinho, Rio de janeiro
Curadoria: Isabella Rjeille, curadora-assistente, MASP, e Rodrigo Moura, curador-adjunto de
arte brasileira, MASP

Tarsila Popular

1º andar - abril a julho

Curadoria: Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Fernando Oliva, curador, MASP

Lina Bo Bardi: Habitat

1º subsolo - abril a julho

Curadoria: José Esparza Chong Cuy, curador, Museum of Contemporary Art Chicago (MCA),
Julieta González, diretora artística, Museo Jumex, Cidade do México, e Tomás Toledo,
curador-chefe, MASP

Histórias das mulheres, histórias feministas

1º andar, 1º e 2º subsolo - agosto a novembro

Curadoria: Isabella Rjeille e Mariana Leme, curadoras-assistentes, e Lilia Schwarcz, curadora adjunta de histórias

Anna Bella Geiger (título a confirmar)

2º subsolo - novembro a março de 2020

Curadoria: Adriano Pedrosa, diretor artístico, e Tomás Toledo, curador-chefe

Leonor Antunes (título a confirmar)

1º subsolo - dezembro a março de 2020

Curadoria: Amanda Carneiro

Gego (título a confirmar)

1º andar - dezembro a março de 2020

Curadoria: Pablo Léon de La Barra, curador-adjunto de arte latino-americana, MASP, Julieta González, diretora artística, Museo Jumex, Cidade do México, e Tanya Barson, curadora-chefe, Museu d’Art Contemporani de Barcelona (MACBA)

O ciclo em torno das histórias das mulheres e histórias feministas terá, além das exposições, palestras, oficinas, filmes, seminários e outras atividades. A programação pode ser acompanhada no site do MASP.
MASP

Endereço: Avenida Paulista, 1578, São Paulo

Telefone: (11) 3149-5959
Horários: quarta a domingo, das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30); terça-feira, das 10h às 20h (bilheteria até 19h30)
Ingressos: R$35 (entrada); R$17 (meia-entrada).
Entrada gratuita às terças-feiras, durante o dia todo.
Esculturas praticáveis do belvedere Museu de Arte Trianon, 1968 - Estudo preliminar de Lina Bo Bardi em nanquim e aquarela sobre papel. Acervo MASP, doação Instituto Lina Bo e P. M. Bardi (Foto Divulgação)Adicionar legenda
Nos últimos anos, uma série de mostras e seminários foram elaborados em torno de histórias que englobam narrativas reais, fictícias, relatos pessoais e históricos. Nos três anos anteriores, o MASP apresentou exposições coletivas dentro de um eixo temático anual, Histórias da infância (2016), Histórias da sexualidade (2017) e Histórias afro-atlânticas (2018), recorde de visitação da atual gestão, com 180 mil visitantes.
O tema “Histórias das mulheres, histórias feministas” será pauta do programa de exposições do MASP em 2019. Ao longo do ano, terão exposições monográficas de Djanira da Motta e Silva, Tarsila do Amaral, Lina Bo Bardi, Anna Bella Geiger, Leonor Antunes, Gego e uma mostra coletiva internacional.

domingo, dezembro 23, 2018

O mistério da brutal morte de Hipatia, a primeira matemática da História



Esta é a história de um assassinato envolvo em mistério. E o enigma não é quem cometeu o crime, nem como, mas sim por quê. Em meados do primeiro milênio, uma mulher erudita foi despedaçada por uma multidão que usou telhas dos telhados e conchas de ostras para cortar a carne viva do seu corpo.
A vítima havia sido professora, conferencista, filósofa e matemática. E despertou a fúria de fundamentalistas cristãos. Era Hipatia, a primeira mulher matemática de que se tem conhecimento seguro e detalhado



O lugar do crime foi Alexandria, cidade fundada por Alexandre o Grande, em 331 antes de Cristo, e que se converteu rapidamente em um centro de cultura e aprendizado no mundo antigo.

Uma mulher excepcional

Como é comum ocorrer no caso de personagens da Antiguidade, o tempo dissipou muitas informações sobre Hipatia. Mas, diversas fontes históricas garantem que ela existiu.
Como poucas mulheres de sua época, Hipatia pode estudar porque era filha de um homem com formação educacional: Teón de Alexandria, astrônomo e prolífico autor, que editou e comentou obras de pensadores como Euclides.
Segundo o filósofo Damacius, Hipatia ultrapassou em muito o conhecimento do seu pai: "Ela não se contentou com a educação matemática que poderia receber de seu pai. Seu nobre entusiasmo a conduziu a outras fronteiras da filosofia".
Hipatia professava a filosofia do neoplatonismo e ensinava essas ideias com mais ênfase que os seguidores anteriores dessa corrente.
O historiador grego da Antiguidade Sócrates Escolástico concordava que a sabedoria de Hipatia era excepcional, assim como sua habilidade para falar em público: "Obteve tais conhecimentos em literatura e ciência, que sobrepassou muito todos os filósofos de sua época. Explicava os princípios da filosofia aos ouvintes, muitos dos quais vinham de longe para receber sua instrução".
"Frequentemente, aparecia em público na presença dos magistrados. E não se sentia envergonhada de ir a uma assembleia de homens. Pois, devido à sua extraordinária dignidade e virtude, todos os homens a admiravam".
A biblioteca de Alexandria ardeu mais de uma vez, perdendo para sempre materiais que poderiam revelar mais sobre Hipatia.

Inventou um novo e mais eficiente método para fazer grandes divisões

O trabalho de Hipatia era tão importante que ela se converteu na matemática mais importante de Alexandria – e, por extensão, provavelmente na principal matemática do mundo.
Há evidências históricas de que Hipatia fez suas próprias descobertas e inovações. Inventou, por exemplo, um novo e mais eficiente método para fazer grandes divisões. Não havia calculadoras na época, então, qualquer melhora na eficiência era muito bem vinda.
Além disso, Hipatia esteve envolvida na criação do astrolábio, uma espécie de calculadora astronômica que foi usada até o século 19, e o hidroscópio, um aparato para medir líquido. Nesses casos, Hipatia não foi responsável pela invenção, mas foi consultada para projetá-los.

Uma morte grotesca

Nunca se soube o que exatamente motivou o assassinato de Hipatia.
O que se sabe é que ela era amiga de Orestes. Mas, enquanto ele era um cristão tolerante, Hipatia era uma mulher pagã. Assim, acredita-se que correram rumores de que Hipatia seria uma influência maligna para Orestes, impedindo que ele se convertesse em um "verdadeiro cristão", como era Cirilo.
Fala-se, inclusive, que os conhecimentos astronômicos de Hipatia podem ter acabado agravando ainda mais a situação. Isso porque as observações astronômicas eram fundamentais para se decidir a data da Semana Santa. E, conjectura-se, os cálculos de Hipatia teriam assinalado uma data distinta da que havia sido anunciada por Cirilo, o que pôs a autoridade do bispo em xeque.
Então, conta a História, um grupo de cristãos obstruiu o caminho da carruagem de Hipatia quando ela ia para casa. Ela foi retirada do veículo, arrastada até uma igreja e despida.
Não se sabe se ela foi espancada até a morte ou esfolada viva. Os especialistas acreditam que a segunda hipótese é mais provável. A seguir, esquartejaram seu corpo e o queimaram, em uma simulação grotesca de um sacrifício animal para um deus pagão.
Um fim trágico para uma mulher incrível.
Na época, era inusitado que homens adultos viajassem para escutar uma mulher falar, mas isso ocorria com Hipatia