quinta-feira, março 07, 2019

Tem Mulher Compositora Participante da Autoria do Samba Campeão da Mangueira

O mundo do samba tem mulheres, mas elas acabam invisíveis – conta Manu,  uma das compositoras do samba campeão da Mangueira, que não assinou por já estar concorrendo em outra escola.

Astrofísica brasileira vence prêmio da ciência mundial

Fonte: SIMI - Sistema Mineiro de Inovação

Marcelle Soares-Santos foi reconhecida pela Fundação Alfred P. Sloan, que seleciona os melhores jovens cientistas do mundo

Marcele e a câmera que ajudou a construir
Uma capixaba de 37 anos foi reconhecida como uma das melhores jovens cientistas trabalhando atualmente. A astrofísica Marcelle Soares-Santos vai receber uma bolsa de US$ 70 mil, para investir da maneira que julgar melhor em seu trabalho, da Fundação Alfred P. Sloan, que desde 1955 escolhe os mais proeminentes jovens cientistas.
Marcelle é professora assistente de Física na Universidade Brandeis, nos Estados Unidos, e estuda a natureza da expansão acelerada do universo usando dados de alguns dos telescópios mais poderosos já construídos.
Além disso, ela coordena uma equipe no Fermilab, um dos mais renomados centros de pesquisa em física de partículas, que ajudou a detectar uma fusão de estrelas de nêutrons pela primeira vez e atualmente está ajudando a criar um método novo para determinar a constante de Hubble.
A importância do prêmio é tanta que 47 dos vencedores da bolsa foram posteriormente reconhecidos pelo Nobel. “É uma honra receber a Bolsa de Pesquisa Sloan", disse Soares-Santos. "Encontrar-me ao lado das pessoas de destaque que foram reconhecidas ao longo dos anos é o que me deixa mais orgulhosa com esse prêmio."



ABORTO - Deputado quer retrocesso até das nossas conquistas

FONTE: http://www.estadao.com.br/

Cena da série “The Handmaid´s tale”

Se não pudermos mais massacrar os LGBT, vamos para cima das mulheres, talkei?

Em: 13/02/2019

POR RITA LISAUSKAS
RITA LISAUSKAS é jornalista e escritora. Autora do "Mãe Sem Manual", Editora Belas Letras, é também colunista da Rádio Eldorado. É mãe do Samuel e madrasta do Raphael e do Lucca. 
Twitter e Instagram: @ritalisauskas.

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Somos as aias da República de Gilead e nossa função é procriar

As mulheres são o alvo principal desse atual governo. Nem bem passaram dois meses de 2019 e já vimos e ouvimos um pouco de tudo. Deputado querendo proibir métodos anticoncepcionais, como o DIU e a pílula do dia seguinte. Ministra dizendo que mulher “nasceu para ser mãe” e que “o sonho” de todas nós é ficar em casa, cuidando dos filhos.  Agora mais essa: enquanto o mundo discute a descriminalização do aborto, o Brasil abre os arquivos empoeirados do seu Legislativo e pinça um projeto já devidamente arquivado ano passado e que pode promover um retrocesso do pouco que já foi conquistado: desde 1940 o aborto é legal para mulheres vítimas de estupro. Hoje também é permitido às mulheres que correm risco de vida ao levar a gravidez adiante ou as que estão gestando um bebê com anencefalia. Mas a Proposta de Emenda à Constituição, PEC, acrescenta uma frase ao artigo 5º da Constituição Federal determinando que todos têm direito à vida “desde a concepção”, ou seja, carregue no ventre o filho de alguém te violou, leve adiante uma gestação que pode significar sua própria morte ou aguente 9 meses para dar à luz um filho que morrerá minutos depois de ter nascido. Todos os tipos de vidas importam, menos a da mulher. Mulher tem que procriar.
Sabe o que é mais desesperador? Os que desarquivaram a PEC nem fizeram isso por “consciência”, mas sim por vingança. Como o STF pautou o julgamento da criminalização de todas as formas de ofensa, homicídios, agressões e discriminações motivadas pela orientação sexual e/ou identidade de gênero depois de o legislativo brasileiro se abster dessa discussão por anos, armou-se essa queda de braço. A bancada evangélica foi ao Supremo nesta terça-feira tentar demover a Suprema Corte da decisão. Por quê? Deputados e senadores conservadores e evangélicos querem continuar discriminando gays, lésbicas, bissexuais e transexuais no país que mais mata essa população no mundo sem sem serem criminalizados por isso? Se a pressão não der certo e o projeto continuar na pauta do Supremo, vingam-se dispondo sobre o corpo das mulheres, aprovando a tal PEC. “Se não pudermos massacrar LGBT´s vamos para cima das mulheres, talkei?”
Mas estamos preocupados com a vida dos bebês! Ora, ora, e a vida das mulheres, vossas excelências? Segundo a OMS, a cada dois dias uma mulher morre no País vítima de aborto clandestino. São mulheres que decidiram não levar uma gravidez adiante e vão, independentemente da sua vontade e de sua crença, procurar formas para interromper essa gestação.  Atenção, spoiler: se tiverem dinheiro no bolso encontrarão clínicas seguras para interromper essa gravidez indesejada. Já as pobres correm risco de vida e, se não morrerem durante o procedimento, podem sofrer sequelas graves, serem denunciadas e até presas. Como homens de Deus super preocupados com a vida humana, aposto que os nobres senadores estão chocados e alarmadíssimos, porque já entenderam que estamos falando de um problema grave de saúde pública. E a vidas dos gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais ou transgêneros também não importam? O Grupo Dignidade afirma que, durante o ano de 2017, uma pessoa LGBT morreu a cada 19 horas no Brasil justamente em razão da LGBTfobia. Não, não, essas vidas também não importam.
Essa madrugada estreou na tevê aberta “The Handmaid´s tale – O conto da Aia,  baseado no livro da escritora canadense Margaret Atwood. A série se passa na República de Gilead, uma teonomia cristã militar formada nas fronteiras do que anteriormente eram os Estados Unidos da América. Após um ataque terrorista matar a maioria do Congresso e o presidente dos Estados Unidos, um movimento fundamentalista de reconstrução cristã autointitulado “Filhos de Jacó” dá um golpe de estado e suspende a Constituição do país sob o pretexto de “restaurar a ordem”. Muitas mulheres, que se tornam servas da República, são proibidas de ler, mas são livres para rezar, olha só, seguindo os preceitos do Velho Testamento. Sabe qual a função das aias, propriedades na República de Gilead? Elas podem procriar. E caso não cumpram as expectativas, ou seja, caso não coloquem filhos no mundo, tornam-se “não-mulheres” e, juntamente com as homossexuais, viúvas, adúlteras e feministas, são condenadas a trabalhos forçados. Se quebrarem as regras podem ter o mesmo destino dos criminosos comuns: o fuzilamento e a exposição no “Muro”, onde os mortos servem de exemplos em praça pública a todos os cidadãos. O livro se autointitula “romance distópico”. A série é classificada como “ficção científica”. Provavelmente porque Margaret Atwood e os produtores de “The Handmaid´s Tale” ainda não conhecem o Brasil de 2019.