quarta-feira, abril 18, 2018

Faleceu Dona Ivone Lara. ( 16/04/2018) A MPB está muito mais triste


O texto abaixo, que transcrevo em homenagem a essa grande artista da Música Popular Brasileira, que faleceu no dia na noite de segunda-feira  do dia 16 de abriu de 2018,  aos 97 anos, depois de três dias internada foi retirado do meu livro A musa sem máscara -  A imagem da mulher na música popular brasileira:

Dona Ivone Lara -  Filha de violonista. Começou na MPB como integrante do Bloco dos Africanos  e do Rancho Flor de Abacate. Aos seis anos ficou ficou órfã do pai e da mãe e foi internada em um colégio, onde permaneceu até os dezesseis anos. Lá aprendeu música com as professoras Lucília Guimarães Villa Lobos e Zaíra Oliveira, mulher do compositor Donga. Participou, na Rádio Tupy, do Orfeão dos Apinacás, regido por Heitor Villa Lobos. Saindo do colégio, aprendeu a tocar cavaquinho, com um tio que integrava um grupo de chorões. Começou a compor ainda menina, com doze anos. Sua primeira música foi Tiê-tiê, inspirada em um pássaro que ganhou de presente. A partir de 1945, quando começou a frequentar a Escola de Samba Prazeres de Serrinha, compôs muitos sambas que eram mostrados como se fossem dos primos também compositores, Mestre Fuleiro e Hélio. O preconceito vigente não permitia à mulher ser sambista. Mesmo assim, em 1947.  já casada com o filho do presidente da Escola, fez um samba com o título Nasci para sofrer, com o qual a agremiação desfilou no carnaval. Tornou-se assim, a primeira mulher a compor samba enredo, derrubando mais um tabu contra o sexo feminino. Obteve outra vitória na sua carreira de compositora, em 1965,  na comemoração do do quarto centenário do Rio de Janeiro; a Império Serrano ( Escola para onde havia se transferido desde o desaparecimento da Prazeres da Serrinha) escolheu sua música Os cinco bailes tradicionais da história do Rio - feita em parceria com Silas de Oliveira e Bacalhau - para ser o samba enredo daquele carnaval. Apesar de todos os seus dotes de compositora, cantora e exímia instrumentista, só em 1978, com 56 anos de idade, veio a  a ser reconhecida fora dos limites das quadras de samba. Seus maiores sucessos dessa nova fase foram os sambas Sonho meu e Alguém me avisou.  Este último com toques autobiográfico, como se pode ver na letra transcrita abaixo:

Foram me chamar
Eu estou aqui, o que é que há
Forma me chamar
Eu vim de lá, eu vim de lá pequenininho
Mas eu vim de lá pequenininho
Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho 
Alguém me avisou pra pisar nesse chão devagarinho
Sempre fui obediente
Mas não pude resistir
Foi numa roda de samba
Que juntei-me aos bambas
Pra me distrair
Quando eu voltar na Bahia
Terei muito que contar
Ó padrinho não se zangue
Que eu nasci no samba
E não posso parar
Foram me chamar

Eu estou aqui, o que é que há. 

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