terça-feira, maio 18, 2010
sexta-feira, abril 16, 2010
Não deixem de assistir ao filme e ao debate
DIREITOS HUMANOS EM TELA

quarta-feira, março 17, 2010
Recebí do vereador Luciano Siqueira - repasso neste blog

Para este evento, estão convidados a compor a mesa:
• José Bertotti - Secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia
• Betânia Ávila - Integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDIM-PE) e do Núcleo de Reflexão Feminista sobre o Mundo do Trabalho
• Márcia Ramos - Coordenadora da UBM – União Brasileira de Mulheres em Pernambuco
sexta-feira, março 12, 2010
Secretaria Especial da Mulher Caruaru Urgente Morte de Luiza
Aproveitei o trabalho que realizo tendo como mote a MPB e, centrei a explanação, nas músicas que induzem A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.
Qual não foi a minha consternação e revolta quando, ao voltar hoje e abrir o meu e-mail, ler a notícia que segue, a qual, com toda indignação, transcrevo abaixo:
"Companheiras e companheiros é com muita tristeza e pesar que informamos a todas e todas militantes e dirigentes amigos e amigas do MST, que hoje a tarde foi assassinada a companheira Luiza. Uma das mais combatentes e aguerridas dirigentes do MST, membro da direção estadual de Pernambuco e coordenadora da regional Mata Norte.
Luiza Ferreira, 52 anos, mãe de 05 filhos e avó de 7 netos, foi assassinada, quando realizava uma assembléia no assentamento Margarida Alves, no Município de Aliança, onde era assentada. O assassino, foi seu ex companheiro (Pelé) durante 8 anos. Depois de cometer o assassinato se suicidou no mesmo local. O crime passional ocorreu por ciúmes da ex-companheira e porque impôs a companheira Luiza, no inicio deste ano, quando ela foi convocada pelas bases e pelos militantes da região para que assumisse a coordenação da regional do MST. Diante da imposição: Que optasse entre a tarefa política da direção do MST ou o casamento. Ela optou pela tarefa política, que infelizmente custou a sua vida.
Companheira Luiza entrou no MST, como acampada, na ocupação do Engenho Bonito, em Condado, em abril de 1996, no próximo 21 de abril vai completar 14 anos de acampamento, que infelizmente até hoje o INCRA não conseguiu a desapropriação do engenho. Foi durante 06 anos membro da direção estadual do MST, um dos principais quadros da frente de massa do Movimento. Apesar de ser professora, antes de se encontrar com o MST, foi como Mobilizadora de Massa que se tornou uma grande dirigente.
Nos últimos 04 anos, pediu para ficar no assentamento, onde era presidente da cooperativa do assentamento, para cuidar do marido, dos filhos e dos netos, como dizia ela “dar uma ajeitada na vida”. No inicio de fevereiro deste ano, Luiza perdeu seu filho, o Dinho, que também era militante do MST, e que há dois anos sofreu um acidente de moto e ficou inválido. Durante os dois últimos anos, Luiza dedicou sua vida a acompanhar e a lutar pela vida de seu filho que depois de muito sofrimento não resistiu.
Luiza durante a sua vida de militante enfrentou os dois grupos de usineiros mais violentos do estado. O grupo Pessoa de Melo da Usina Aliança e o Grupo João Santos e depois de muitas tentativas de assassinato e ameaça constante pelos usineiros acabou sendo vitima da arrogância machista.
O sepultamento da companheira vai ser realizado nesta sesta feira às 4 horas da tarde e o velório vai estar no acampamento Bonito.
Que Luiza, que durante a sua vida foi uma verdadeira Guerreira, continue inspirando e motivando a nova geração de militantes com sua garra, energia e paixão pela Luta
Jaime"
sexta-feira, março 05, 2010
Comemoração do Dia Internacional da Mulher
Centenário do “Dia 8 de Março”
Em 8 de março de 1857, houve a primeira greve nos Estados Unidos gerida somente por mulheres tecelãs. As operárias da fábrica de tecidos “Cotton - Nova Iorque”, decidiram em assembléia, paralisar os trabalhos, na reivindicação do direito à jornada de 10 horas (a carga horária diária de trabalho delas era de16 horas) e melhores condições de trabalho.
Os proprietários da empresa utilizaram então, dos seus poderes absolutos, para acionar a força policial, a fim de debelar a manifestação daquelas trabalhadoras do setor têxtil.
O modo usado para reprimir o movimento foi feito de maneira tão violenta que, as operárias viram-se forçadas a refugiarem-se dentro da fábrica, na tentativa de se defenderem da truculência policial.
Aproveitando-se disso, trancaram-nas no local e atearam fogo no prédio fabril. As 129 tecelãs que lá estavam – covardemente presas por seus algozes – não conseguiram escapar do incêndio. Morreram todas carbonizadas, marcando assim, uma das páginas mais trágicas da luta das trabalhadoras em Defesa dos Direitos Humanos das Mulheres.
Em 1910, na II Conferência Internacional de Mulheres, realizada na Dinamarca, foi sugerido como homenagem a essas mártires do inicio do século 20, operárias de Nova Iorque, assassinadas por lutarem pela igualdade de direito entre os sexos e pela busca de uma cidadania PLENA para as mulheres, que o dia 8 de março fosse declarado Dia Internacional da Mulher .Mas, só a partir de 1975 esta data começou a ser comemorada no mundo inteiro, quando a ONU declarou a década de 75 a 85 como a década da mulher. Logo após, em 1977, a Unesco reconhece oficialmente o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher, em homenagem às 129 operárias queimadas vivas.
O dia serve para reafirmar a cada ano que nenhuma das nossas lutas foi em vão. Por isso precisamos e devemos continuar essa trajetória de combate em combate na ação afirmativa contra o machismo, o racismo e o lesbofobismo.
NADA FOI EM VÃO!
É ISSO QUE NOS FAZ NÃO ESMORECER NUNCA, JAMAIS!
sexta-feira, novembro 06, 2009
Letras Que Induziam a Violência Contra a Mulher
SÉCULO XX
Autores, os mais conceituados, compunham canções exortando – sem dó ou piedade – o cometimento desse ato doloso executado pelo homem como se isso fosse coisa mais banal do mundo.
Durante a pesquisa que fiz para escrever o Livro "A musa sem máscara - Imagem da mulher na música popular brasileira", ao me concentrar bem detalhadamente nessa temática, verifiquei que esse tipo de assunto, quando abordado pelos letristas, fazia o maior sucesso entre o público ouvinte, independente do sexo a que pertencesse.
Basta dar uma espiada, no conjunto musical da música popular, que se destacou nas “paradas de sucesso” por todo o século passado. Encontraremos, facilmente, versos escritos com a nítida intenção de induzir os homens, em geral, a ter atitudes ameaçadoras contra toda mulher, inclusive, aquela que não fazia parte do relacionamento pessoal e social mais imediato de cada homem.
Qualquer uma que ameaçasse o poder que eles detinham na sociedade ficava a mercê de todo tipo de hostilidade, do insulto à agressão física, como se pode observar numa composição de 1920:
"DÁ NELA"
Autoria: Ary Barroso
Canta: Francisco Alves
Dá nela!
É perigosa
Dá nela!
Fala, língua de trapo
Dá nela!
É intrigante
Dá nela!
A bem da verdade, o título provocativo da música – que se repetia com o mesmo refrão entre uma frase e outra – tinha uma razão de ser para os conservadores machistas das primeiras décadas do século XX.
E, diga-se de passagem, ainda bem que tal aspiração daquelas nossas antepassadas – ferrenhas ativistas na luta pela emancipação da mulher – não foi em vão, pois haveremos de convir sem nem pestanejar que por certo, o vozerio das feministas (na época identificadas de sufragistas), configurou-se como um levante muito bem estruturado no que diz respeito à defesa dos direitos das mulheres.
Fato é que, naquele tempo, de tanto o movimento de mulheres botar a boca no trombone, propagando em alto e bom som, suas reivindicações para obter melhoria da qualidade de vida - a toda mulher - no campo educacional, do trabalho (quer dizer - trabalho fora das fronteiras domésticas), liberdade de expressão, posssibilidade concreta de poder ir e vir sem depender da tutela de um ou mais homens.
Nesse mesmo ano em que as mulheres deram esse passo à frente na conquista da cidadania, a mesma temática falaz pregando a violência contra a mulher vai continuar sendo lançada e editada por inúmeras vezes, sempre caindo no gosto do público ouvinte e alcançando invariavelmente sucesso absoluto, tanto em discos como nos teatros de revista.
"MULHER DE MALANDRO"
Autoria: Heitor dos Prazeres
Canta: Francisco Alves
Mulher de malandro
Pancada de amor não dói)
O malandro também tem seu valor).
Agora pasmem!!!!!
Essa música foi um sucesso estrondoso que ultrapassou décadas sendo executada nas rádios e em outros meios de comunicação musical. Tanto é que, foi regravada no ano de 1987 – em dueto, por Ângela Maria e Caubi Peixoto – para compor uma coletânea de 50 músicas sobre mulher consideradas as melhores do século 20. Entraram na seleção também as famosas e desvirtuadas Ai, que saudade da Amélia e Emília, enaltecidas pelo único e definitivo papel de serviçais domésticas a que estavam submetidas a desempenhar no recinto doméstico.
Mulher de setenta anos
Mulher indigesta – 1932 – Autoria – Noel Rosa - Canta Aracy de Almeida: Mas que mulher indigesta! Indigesta! Merece um tijolo na testa"(...) O que merece é entrar no açoite(...)
Mulato de qualidade – 1932– Autoria – André Filho – Canta – Carmem Miranda: Eu gosto dele / Porque ele é um mulato de qualidade / Vivo feliz, no meu canto sossegada/ Tenho amor e carinho, oi / Tenho tudo e até pancada(...)
quinta-feira, outubro 08, 2009
NÃO PERCAM
NA REPRESENTAÇÃO REGIONAL DO NORDESTE DO MINISTÉRIO DA CULTURA
1000 MULHERES PELA PAZ AO REDOR DO MUNDO
Exposição trará fotos das concorrentes ao Prêmio Nobel da Paz 2005.
São mil rostos que se tornaram ícones na luta pela paz, segurança humana e justiça.
Para o Prêmio Nobel da Paz 2005, a associação suíça Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, com o apoio da Unesco, propôs a indicação de 1000 mulheres que, em 150 países, representavam as lutas contra a violência e a discriminação, contra a opressão e a miséria, em inúmeros espaços e frentes.
O Comitê do Prêmio Nobel 2005 não premiou o coletivo das mulheres, mas a articulação internacional que levou à seleção dos 1000 nomes mobilizou diferentes campos da sociedade, revelando a garra e a diversidade da atuação das indicadas, apesar dos múltiplos empecilhos que encontram no seu dia-a-dia.
Agora, seus rostos estarão fixados nas imagens da Exposição Fotográfica 1000 Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, num convite à continuidade e ao aprofundamento da ação das mulheres e de toda a sociedade na promoção da paz, dos direitos humanos, da justiça e da segurança. A abertura do evento acontece em 15 de outubro, quinta-feira, às 18h30, na Representação Regional do Nordeste do Ministério da Cultura.
No Brasil, a coordenação do processo de mobilização e seleção teve à frente Clara Charf, ativista e militante dos direitos das mulheres de longa e reconhecida história, com o apoio de várias representações do movimento de mulheres, feminista, popular, sindical e da academia. Mais de 300 mulheres foram indicadas por pessoas e organizações do País. Em uma difícil tarefa, a Comissão de Seleção chegou a 52 nomes, notáveis pelas suas lutas e trabalhos nos quilombos, nas aldeias, no campo, em vilarejos, cidades, megalópoles. E seus rostos e perfis são também homenageados na publicação Brasileiras Guerreiras da Paz, cujo lançamento acontecerá no dia da abertura da Exposição.
As iniciativas são uma realização da recém-criada Associação Mulheres pela Paz, presidida por Clara Charf, contam com o patrocínio da Petrobrás, com o apoio da Associação Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo (Suíça), EED (Alemanha) e Fundação Avina, e com as seguintes parcerias locais: SOS CORPO Instituto Feminista para a Democracia, Representação Regional do Nordeste do Ministério da Cultura e Prefeitura do Recife.
Ao difundir as imagens dessas mulheres, a Exposição quer deixá-las fixadas não apenas como “memória”, mas como estímulo, efeito multiplicador do que já se fez e do muito que se há de fazer em todo o mundo, por essas e por milhões de tantas outras mulheres que lutam pela paz., cujo exercício se dá no cotidiano.
Exposição 1000 Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo
Lançamento do livro Brasileiras Guerreiras da Paz
Dia e horário da abertura e lançamento do livro: 15 de outubro, quinta-feira, às 18h30 horas.
Período da exposição: de 15 a 25 de outubro
Local: Representação Regional do Nordeste do Ministério da Cultura (Rua Bom Jesus, 237, Recife Antigo)
ASSOCIAÇÃO MULHERES PELA PAZ
Rua Santa Isabel, 137 – 4º andar – Vila Buarque
01221-010 - São Paulo/SP
Telefax: (11) 3224-9454
Email: associacao@mulherespaz@.org.br
Site: http://www.mulherespaz.org.br/
Presidenta: Clara Charf
Diretora executiva: Vera Vieira
Assistente de direção: Carolina Quesada
ASSOCIAÇÃO MULHERES PELA PAZ AO REDOR DO MUNDO
Baerenplatz 2 – P.O. Box 524
CH-3000 Bern 7 – Switzerland
Website: http://www.1000peacewomen.org/
Foram cinco (5) as mulheres pernambucanas que foram indicadas para o Prêmio Noel da Paz, com o apoio da UNESCO. Elas ficaram entre as 1000 mulheres dos 150 países por toda a luta incessante que travam pelos Direitos Humanos, Justiça e Paz:
Elzita Santa Cruz – Ativista na área de Direitos Humanos ( mãe de Fernando Santa Cruz – Desaparecido Político (desde 1973, durante a ditadura militar)
Givânia Maria da Silva – Ativista na área Comunidade Rural Quilombola
Lenira Maria de Carvalho – Ativista na área sindical das Trabalhadoras Domésticas
Vanete Almeida – Ativista na área Rural – Coordena a Rede de Mulheres Rurais (RedeLac)
Zenilda Maria de Araújo – Ativista na área de Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste
sexta-feira, setembro 18, 2009
Não basta ser cantora mulher...
A MUSA SEM MÁSCARA
Tava jogando sinuca
segunda-feira, setembro 14, 2009
Nós Fomos as Cantoras do Rádio
sábado, agosto 22, 2009
Lei Maria da Penha
CIDADANIA - 03/04/2009
Lei Maria da Penha
Marcelo Santa Cruz*
Esse é o nome pelo qual popularmente é conhecida a Lei 11.340/2006. Teve origem, infelizmente, na tragédia de uma cidadã brasileira. Maria da Penha Maia Fernandes, biofarmacêutica, foi vítima de agressões que lhe deixaram seqüelas permanentes; no caso, paraplegia nos membros inferiores. Ela sofreu dois atentados praticados pelo seu marido à época, Marcos Antônio Heredia Viveros, professor universitário. O primeiro foi no dia 29 de maio de 1983. Ele disparou contra a vítima que dormia e depois tentou encobrir o ocorrido, alegando ter havido uma tentativa de roubo na residência do casal. Transcorridas duas semanas, após regressar do hospital, ela sofreu mais um ataque de Marcos Antônio, aproveitando-se da fragilidade da sua condição de convalescente, tentou eletrocutá-la enquanto tomava banho.
Entre a dupla tentativa de homicídio e a prisão do criminoso, seu ex-marido, transcorreu nada menos do que 19 anos e 6 meses, em função dos procedimentos legais e dos instrumentos processuais vigentes na época, que tornavam a Justiça ainda mais morosa do que hoje. Ele foi condenado e cumpriu apenas dois anos e alguns meses de detenção. E este caso não pode, de maneira alguma, ser classificado ôisoladoö. Estudo realizado pelo IBGE, no final de 1980, constatou que 63% das agressões contra as mulheres acontecem no âmbito doméstico, e seus agressores são pessoas com relações pessoais e afetivas com as vítimas. Já a Fundação Perseu Abramo, em estudo efetuado em 2001, constatou que 11% das brasileiras já haviam sido espancadas ao menos uma vez; e destas, 31% nos doze meses anteriores. Isto significava, então, 2,1 milhões de mulheres espancadas por ano no País. Ou uma a cada quinze segundos.
A Lei Maria da Penha, de 7 de agosto de 2006, foi criada exatamente para tentar coibir a violência doméstica e familiar contra as mulheres, além de agilizar e endurecer as punições. Ela permite que o criminoso apanhado em flagrante seja preso ou tenha sua prisão preventiva decretada. Acabou com o pagamento das penas em dinheiro ou em cestas básicas. Triplicou o tempo de detenção para esse tipo de crime, que costumava ser de três meses a um ano e saltou para seis meses a três anos. E caracterizou a violência psicológica como forma de agressão, além de determinar que as investigações passem a ser mais detalhadas, com depoimentos não só das vítimas e do agressor, mas também de testemunhas.
A Lei ainda contempla medidas de proteção e assistência para mulheres em situação de violência ou com a vida sob ameaça. Elas variam, conforme cada caso, e devem ser determinados pelo Juiz em até 48 horas. Podem incluir a saída do agressor do domicílio, a proibição de sua aproximação física da agredida e dos filhos, até o direito da mulher de rever seus bens e cancelar procurações. Por fim, estabelece medidas de assistência social, como inclusão das mulheres em situação de risco no cadastro de programas assistenciais dos governos federal, estaduais e municipais.
A Lei Maria da Penha é uma proposta inovadora, e por isso mesmo polêmica. Alguns dos seus dispositivos têm recebido severas críticas de juristas conservadores, protagonistas de uma sociedade machista. Há também quem a defenda apaixonadamente. Mas, o que não se discute é que ela resultou de um processo democrático. Representa a transmutação do clamor social em norma jurídica através de um belíssimo processo legislativo, pois houve grande participação popular no seu encaminhamento. Entidades e movimentos sociais se mobilizaram nesse debate, e a própria Maria da Penha se empenhou em fazer do seu drama pessoal uma bandeira de luta a favor das vítimas da violência.
Ressalte-se ainda que o Brasil, ao sancionar a Lei 11340, tornou-se o 18º pais da América Latina a contar com um diploma legal específico que se aplica em casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, o que aumenta a responsabilidade política e jurídica de órgãos públicos, para garantir punição aos agressores. E por meio dela se instituiu a Prevenção e Assistência à Mulher Vítima de Violência (Ministério Público, Tribunal de Justiça, Defensoria Pública) com suas respectivas competências.
O que foi feito acertadamente e onde se errou, nessa Lei, somente o tempo poderá nos mostrar com segurança. Mas, sem nenhuma dúvida, ela traduz o esforço conjunto da sociedade e das suas instâncias de governo, em busca de uma solução efetiva para um gravíssimo problema social. * Militante dos direitos humanos. Vereador PT-Olinda e Coordenador-Adjunto do Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social - CENDHEC
sábado, março 21, 2009
Eliane de Grammont. Um marco decisivo no combate a violência contra a mulher
(e comente)
Amélia de você
Elena de Grammont / Eliane de Grammont
Samba-canção
Intérpretes que gravaram em 1978: Ângela Maria e tb, Edith Veiga
Tentei mudar você
Não consegui e desisti porque
Você não tem mais jeito
Cansei de ser Amélia santa e boa
Que esquece que perdoa
Seus defeitos
A vida com você é uma loucura
Me deprime e me satura
Ser Amélia já era
Tentei mudar você
Não consegui não deu
Quem deve então mudar sou eu
Mas acontece que eu choro eu falo
Anoitece e eu me calo
Pra pensar só em você, cheia de amor
Seus erros, seus defeitos já não importam
Não tiro os olhos da porta
Para ver você entrar e me beijar
E toda encolhidinha nos seus braços
Não escondo e nem disfarço
Toda minha emoção
Tentei mudar você não consegui porque
Nasci para ser Amélia de você
Nasci para ser Amélia de você.
O que aconteceu com Eliane de Grammont?
Eliane de Grammont, autora da música e letra acima, feita em parceria com a irmã, (cabe aqui uma correção: ver abaixo, solicitação de Adriana de Grammont que corrige o dado pesquisado por mim sobre a parceria da música como sendo com uma irmã da Eline. Pelo informe recebido, a parceira Helena de Grammont, na música acima citada, é na verdade, mãe da vítima) apesar das informações que além de compositora era cantora na década de 70. Em 30 de março de 1981, ela foi assassinada covardemente, quando se apresentava no palco de uma casa de show na capital paulista. O autor dos disparos, Lindomar Castilho, ex-marido da vítima – também cantor e compositor de boleros – e um dos maiores vendedores de discos do Brasil nos anos 70, foi, inclusive, consagrado em 1977, como campeão de vendas no México e na Califórnia.
Por essa época, ela o conheceu, começaram a namorar e, em 1979 casaram. O matrimônio a fez abandonar a carreira profissional para se dedicar unicamente ao lar e cuidar da filha, fruto da união dos dois. Mas, o casamento não durou muito tempo. Eliane, aos 26 anos pediu a separação, o que Lindomar não aceitou de bom grado, levantando suspeitas de que ela o estava traindo, deixando-o, por ter um envolvimento extraconjugal com Carlos Randall, primo do cantor, o qual passara a acompanhá-la ao violão na medida em que ela voltou a fazer shows.
Três meses depois de separada, quando cantava no bar Belle Epoque, no bairro da Bela Vista, em São Paulo, Eliane levou cinco tiros pelas costas chegando uma bala, ainda a ferir também o violonista Randhal. Lindomar foi preso em flagrante. Nos autos do processo ficou comprovado a premeditação de forma covarde e bárbara, pois o homicida antes de ir até a casa de show aonde a ex-mulher se apresentava, havia comprado um revólver calibre 38 e balas do tipo "dundum", que ao perfurar a vítima explodem dentro do corpo causando lesões intensas e irremediáveis.
A Repercussão do Homicídio
O crime gerou de imediato, grande comoção na sociedade paulistana onde, Eliane, voltando à ativa tinha grande receptividade do seu público, sendo muito admirada como cantora, prenunciando uma carreira promissora pela frente.
Esse homicídio cruel, com requintes de perversidade, tornou-se um caso emblemático em função da decisiva manifestação organizada pelo movimento feminista, mobilizado durante todo o julgamento, a fim de não deixar a impunidade mais uma vez prevalecer.
Acontece que, até aquela época, assassinatos da mulher por maridos ou companheiros eram considerados pela lei penal “crime de ação privada” e nas decisões judiciais o procedimento comum da defensoria do réu era alegar “legítima defesa da honra”. Mas esse artifício processual, aqui no Brasil, já não colava mais como antes, quando era aceito como o maior atenuante pelo júri na soltura do acusado. Isso, graças à pressão dos grupos de mulheres – que se disseminavam pelas cidades brasileiras. Então, a defesa do cantor tentou outros meios de amenizar-lhe a culpa, resvalando para o “delito de ordem passional” que mediava a infidelidade conjugal como sendo argumento principal. Alegou o ciúme como motivo propulsor da "privação de sentidos" do réu na ocasião exata do crime. Porém, o empenho coletivo das mulheres já engajadas na luta feministas, combatendo veementemente a violência contra a mulher, transformou-se em um marco na história jurídica brasileira ao condenar por homicídio doloso o cantor a 12 anos de prisão por meio de um júri popular, no dia 23 de agosto de 1984. Apesar disso tudo, Lindomar Castilho ficou preso somente, até 1988, quando obteve liberdade condicional.
Segunda Onda do Feminismo – Um divisor de águas
“Essa lei representa os primeiros passos na direção de um mundo onde homens e mulheres vivam harmoniosamente”.
domingo, março 08, 2009
Protestando no Dia Internacional da Mulher
O que acontece, é que as mulheres continuam carregando esse fardo sócio-cultural “infame”, na sua forma mais perversa, pois mesmo com todas as conquistas adquirida na trajetória feminista, fruto da pluralidade de vozes, na luta exaustiva e inabalável de mulheres em movimento por todo o planeta, continua sendo registrado em qualquer lugar do mundo, alta incidência de agressão às mulheres, seja ela física, sexual, moral, psicológica étnica, racial, patrimonial e tantas mais.
Sabemos que essa violência está especificamente relacionada às relações de gênero que, nos seus parâmetros conceituais, determina a superioridade “masculina” frente à inferioridade “feminina”, como se isso fosse inerente e natural à espécie humana, quando na verdade, nada mais é do que uma construção cultural.
Atenção, pois é aí onde o nó aperta. Se quisermos construir um mundo mais harmônico entre os sexos, nessa nova era em curso, temos que desatá-lo mais depressa do que imediatamente.
É preciso, desconstruir preceitos éticos, normas sociais, valores morais e significados culturais caducos, de subordinação de um sexo dito como “frágil”, ao outro, denominado “forte” e que, até então, só serviram para embasar a desigualdade entre gêneros e permitir a complacência social diante de tantos e tantos atos de violência cometidos contra a mulher.
O movimento feminista está e continará, em vigilância constante, na certeza de que é preciso e necessário ampliar a nossa indignação para a sociedade como um todo. Só com o apoio da opinião pública terminaremos por acabar de vez com tudo isso.
A prova de que é possível mudarmos mentes e corações vamos encontrar na música popular. A ação combativa envolve cada vez mais, mulheres e homens, que antes, se colocavam a distância da discussão de gênero e, agora, começam a assumir uma posição firme na questão da violência contra a mulher.
Vejamos abaixo, em dois períodos separados por décadas de distância - um do outro - dois exemplos díspares de mulheres cantoras de prestígio nacional interpretando duas composições de autoria masculina. As duas reproduzem o discurso do homem travestido em palavra de mulher, mas as mensagens das letras são totalmente diversas. Cada uma delas (Aracy e Alcione) ao se reportar ao tema, se posicionam a favor(1945) e contra (2007) a violência conjugal, mesmo que no segundo caso a letra "Maria da Penha", contenha uma séria imprecisão homofóbica, ao se aventar em um dos versos, a idéia que o homem quando bate em mulher é homossexual enrustido.
Ano - 1945
Wilson Batista / Roberto Martins
Canta: Aracy de Almeida
Maria da Penha
Paulinho Resende / Evandro Lima
Ano - 2007
Canta: Alcione
Comigo não, violão