terça-feira, janeiro 28, 2020

Enedina Marques, a primeira engenheira do Brasil



Filha de uma lavadeira e de um pai ausente, Enedina Marques nasceu em 1913 em Curitiba (PR). Negra, de origem humilde e com mais cinco irmãos, foi criada na casa da família do major Domingos Nascimento Sobrinho, que pagou seus estudos em colégios particulares para que fizesse companhia à sua filha. Em 1931, Enedina concluiu os estudos e passou a trabalhar como professora em diversos grupos escolares. Chegou até a alugar uma casa, onde dava aulas.



Estudos e universidade
O sonho de ingressar em uma Universidade não parecia impossível para Enedina – mulher, negra e em um Brasil que há pouco tempo havia abolido a escravidão. Em 1938, ela fez curso complementar em pré-Engenharia durante a noite, e em 1940 iniciou sua graduação em Engenharia Civil na Universidade do Paraná.

Em uma turma composta apenas por homens, ela foi alvo de preconceitos por parte de alunos e professores. Mas sua inteligência e determinação fizeram com que superasse estes obstáculos da mesma maneira como vinha superando desde então. Depoimentos recordam que ela passava as noites estudando, copiando assuntos de livros que não podia comprar.

Em 1945, Enedina finalmente recebe o diploma em Engenharia Civil, tornando-se a primeira mulher engenheira do Paraná e a primeira engenheira negra do Brasil.

Fonte: Construct

domingo, janeiro 26, 2020

Hannah Arendt

A imagem pode conter: 1 pessoa, texto que diz ""Vivemos tempos sombrios onde as piores pessoas perderam medo e as melhores perderam a Hannah Arendt em Origens do Totalitarismo"

Artista Mulher Ilustre: Teresa Nicolau Paródia - miniaturista




Ela participou de exposições públicas da Academia San Fernando. Em 1866, ele obteve menção honrosa na Exposição Nacional de Belas Artes com a miniatura  Jesus Cristo com a cruz a tiracolo , uma cópia de Sebastiano del Piombo, que é preservada no Museu do Prado.
Ela era uma mulher culta, que falava várias línguas, dedicada à pesquisa histórica. Em 1842 , casou-se com Antonio Rotondo, com quem teve dois filhos, Adriano e Emilio. Ela morreu em 1895. Acredita-se que ela fosse um discípulo de Vicente López, que a retratou, uma tela que pode ser vista no Museu do Romantismo.

QUANDO A MULHER SE EMPODERA! VIVAS PARA ELZA SOARES

ELZA SOARES, GRANDE E COMPLETA ARTISTA/CANTORA/MULHER 100%, NOTA MIL.
“A Mulher do Fim do Mundo”, de Elza Soares, é eleito o melhor disco da década

O disco “A Mulher do Fim do Mundo” (2015) de Elza Soares foi eleito o melhor disco da década. O levantamento foi realizado pelo site “Scream & Yell”, com base na opinião de 100 especialistas em música. No mercado internacional, quem conquistou o primeiro lugar foi David Bowie, com “Blackstar” (2016).
Nas redes sociais a artista comemorou a conquista. “O site consolidado Scream & Yell, que fala sobre música, divulgou sua lista dos melhores discos lançados nos ‘anos 10’ no Brasil e exterior“, anunciou. 
“Conforme os votos enviados por 100 especialistas, Blackstar (2016), o último trabalho de David Bowie, foi o grande álbum internacional da década, e A Mulher do Fim do Mundo de Elza Soares o melhor disco brasileiro“, finalizou Elza. 
Vale destacar que o disco de Elza ganhou com larga vantagem o primeiro lugar. No total, o disco conquistou 376 pontos, enquanto “Nó na Orelha”, Criolo, segundo lugar, fechou com 258 pontos no total. 

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Site elege discos de David Bowie e Elza Soares como os melhores da década

100 especialistas escolheram seus favoritos na enquete feita pelo site Scream & Yell

O Scream & Yell, um dos mais longevos sites musicais do Brasil, publicou a sua lista com os melhores discos lançados nos "anos 10" no Brasil e exterior. De acordo com os votos enviados por 100 especialistas,"Blackstar", o derradeiro trabalho de David Bowie (2016), foi o grande álbum internacional da década e "A Mulher do Fim do Mundo" de Elza Soares o brasileiro.
Resultado de imagem para Elza Soares e David Bowie imagem

Veja os cinco principais vencedores:
Do Brasil e Internacional
Brasil:
1 - “A Mulher do Fim do Mundo” - Elza Soares (2015)
2 - "Nó na Orelha" - Criolo (2011)
3 - "Duas Cidades" - BaianaSystem (2016)
4 - "Tropix" - Céu (2016)
5 - "Feito Pra Acabar" - Marcelo Jeneci (2010)

Internacional:
1 - "Blackstar" - David Bowie (2016)
2 - "To Pimp a Butterfly" - Kendrick Lamar (2015)
3 - "The Suburbs" - Arcade Fire (2010)
4 - "Random Access Memories" - Daft Punk (2013)

HISTÓRIA DAS MULHERES /HISTÓRIAS FEMINISTA - MASP INCLUSIVO

Masp anuncia aquisição de centenas de obras artísticas de mulheres em 2019



"Quem foram as mulheres da Bauhaus? Nomes femininos da influente escola alemã"





A escola de design Bauhaus estoura o champagne este ano em comemoração de seu centenário. Mas o movimento, que foi sísmico, também foi sexista e condenou as mulheres às notas de rodapé

"Cabelos curtíssimos ou raspados. Roupas diferentes. Dietas vegetarianas. Saber pintar, esculpir e tocar sax. Participar de festas do meio artístico. Há 100 anos as jovens estudantes mulheres da Bauhaus – a lendária escola alemã de design – pareciam ser tão empoderadas quando as jovens mulheres de hoje."
Foto: Arquivo/Bauhaus

"É o que as fotografias de época do Museu da Bauhaus e do Arquivo Público Walter Gropius (1883-1969) revelam.Mas não acredite no que vê. Quem planta a dúvida é a filósofa Ulrike Müller, que se debruçou sobre o tema e escreveu a respeitada obra “Mulheres da Bauhaus” (2009). A escola foi uma das primeiras do mundo a aceitar pessoas do sexo feminino, que foram maioria na instituição em seu início em 1919, totalizando 84 mulheres e 79 homens. Gropius, seu fundador, garantiu que não haveria “diferença entre o sexo belo e o sexo forte”."


Escanteadas para a tecelagem
"O esboço de uma resposta vem da historiadora e curadora de design para algumas das galerias mais famosas do mundo – como a milanesa Nilufar e a britânica Serpentine Gallery –, a inglesa Libby Sellers. Ela escreveu o livro “Mulheres do Design” (2018) e explica que isso ocorria “por medo do impacto que a presença feminina teria sobre a reputação profissional dos cursos de arquitetura e design industrial perante os olhos das indústrias, já que a intenção era produzir as peças em massa”."
"Brinquedo criado por Alma Siedhoff Buscher. Foto: Siedhoof Büscher"

"Por isso, o ingresso das mulheres começou a ser paulatinamente dificultado e elas começaram a ser escanteadas para as aulas de tecelagem, arte considerada menor na época, quisessem ou não. “Jovens brilhantes eram atraídas para Bauhaus sonhando em ser arquitetas. E só depois eram informadas de que tecelagem era a única disciplina apropriada para as mulheres”, como resume a companhia britânica de tecidos e tapetes Christopher Farr em texto oficial da exposição sobre Anni Albers no Tate Modern, em Londres, que segue até 27 de janeiro de 2020.

Isso acontecia por diversos motivos. Klee e Kandinsky associavam genialidade e criatividade somente à masculinidade, e Gropius tinha convicção de que as mulheres não tinham capacidade para lidar com
problemas que envolvessem tridimensionalidade (3D). O fundador da Bauhaus via o mundo com tamanha separação de gênero que chegou a postular que o vermelho e o triângulo eram símbolos masculinos e que o azul e o círculo eram elementos puramente femininos."
Foto: Arquivo/Bauhaus
Apesar da dificuldade gigante, algumas conseguiram conquistar fama já naquela época e foram reconhecidas por seus pares masculinos. Mas a maior parte das integrantes mulheres da escola começou a receber a atenção merecida somente há alguns anos, graças às novas abordagens da história. Conheça um pouco mais sobre algumas delas clicando no link abaixo

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br

terça-feira, janeiro 21, 2020

CD MULHERES NO REPENTE

quinta-feira, janeiro 16, 2020

MULHERES ILUSTRES - Mary Somerville

Mary Somerville

Mary Somerville, a gênio autodidata que foi declarada ‘rainha da

 ciência’ e depois caiu no esquecimento.


A jovem teve que implorar ao tutor do irmão que lhe comprasse o livro, porque na época se considerava que não era "certo" uma mulher ler "esse tipo de coisa".
Sem deixar de fazer as atividades "corretas para ela", isto é, tocando piano, pintando e arrumando roupas, Mary se dedicou a estudar álgebra. Ela lia antes de dormir — já que seus pais não viam com bons olhos seus estudos sobre o tema.
Com medo de que ela acabasse "em uma camisa de força", eles chegaram a tirar a vela que mantinham em seu quarto para impedi-la de ler à noite. No escuro, Mary revisava mentalmente os seis primeiros livros de Euclides até sentir que os sabia de cor.

O primo errado

O casamento de Mary com Samuel Grieg, um primo distante, foi arranjado por seus pais. A união foi desastrosa para sua vida intelectual.
Sobre o marido, escreveu que ele acreditava que as mulheres tinham baixa capacidade intelectual e "não tinha nenhum conhecimento ou interesse em ciência de nenhum tipo".
O casal foi morar em Londres e teve dois filhos. Grieg morreu em 1808, quando Mary tinha 28 anos.
Após sua morte, ela voltou para a Escócia e, embora estivesse amamentando, tinha muito tempo para retomar seus estudos, conforme escreveu na época.
"Estudei trigonometria plana e esférica, seções cônicas e astronomia de (James) Fergusson."

O primo certo

Em Edimburgo, Mary finalmente começou a encontrar pessoas com as mesmas afinidades.
Ela ganhou uma medalha de prata por resolver um problema publicado em uma revista de matemática, levantado por William Wallace, que se tornaria o primeiro professor de matemática da Universidade de Edimburgo.
Ele foi um dos matemáticos respeitados com quem ela se correspondia.
Mary também conheceu pessoas com novas teorias sobre o mundo natural, estendeu seus estudos para astronomia, química, geografia, microscopia, eletricidade e magnetismo e usou a herança que recebeu de Grieg para comprar uma biblioteca de livros científicos.
Quando conheceu seu segundo marido, William Somerville, já estava claro que ela era uma pessoa excepcional.
Somerville também era seu primo e médico, mas, diferentemente de Grieg, tinha uma mente curiosa e estava encantado por ter encontrado uma esposa tão inteligente.
Ele e seus pais incentivaram a pesquisa científica de Mary.

segunda-feira, janeiro 06, 2020

Presidente da OAB quer trazer Greta Thunberg para o Brasil

Greta deverá vir para fazer uma palestra

Após ser nomeada a Personalidade do Ano pela revista Time, Greta Thunberg está sendo cobiçada para fazer uma visita ao Brasil. Isso é que o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz quer. Ele tem a intenção de convidar a ativista sueca para falar em uma conferência no Brasil, que está marcada para novembro de 2020. 
A ativista norteamericana, Angela Davis, de visita à Espanha afirma que os
principais problemas dos direitos civis de nosso tempo emanam da luta de
migrantes e refugiados".

sábado, janeiro 04, 2020

Flipoços – Festival Literário Internacional de Poços de Caldas - neste ano a temática será “Mulher e Literatura: da poesia ao poder”

FLIPOÇOS COM EDIÇÃO DE 15 ANOS FAZ  EDIÇÃO COMEMORATIVA 


O Flipoços – Festival Literário Internacional de Poços de Caldas abre o calendário nacional dos festivais e festas literárias do Brasil e em 2020 comemora 15 anos, trazendo para essa edição o tema Mulher e Literatura: da poesia ao poder”.  O evento é gratuito e acontece de 25 de abril a 03 de maio.

Mais uma vez, o Festival sai na vanguarda dos acontecimentos e quer oferecer para o público um motivo a mais para reflexões, associadas às boas oportunidades de conhecimento e aprendizagem.

Nessa edição comemorativa, a Curadoria que ao longo dos anos tem buscado diversificar os temas, trazendo para o ambiente do festival os assuntos mais abrangentes e pouco difundidos, trará um tema que todos, indistintamente, se depara diariamente em todos os momentos do cotidiano: as questões referentes ao universo feminino.

Segundo Gisele Corrêa, organizadora do Festival: “Nós queremos que através da escrita, da fala, da escuta e dos diversificados encontros com grandes mulheres e outros convidados, o Flipoços seja o porta-voz de todas nós na luta pela causa da Mulher, enquanto mãe, filha, dona-de-casa, religiosa, empresária, cientista, política, artista, cientista e escritora. A causa da Mulher é Universal!”

Dentre os destaques lembradas pelo Flipoços estão essas mulheres:

Ana Maria Machado – Patronesse 2020 – Ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, é romancista, ensaísta e autora infantojuvenil. Traduzida em diversos idiomas, inclui entre seus inúmeros prêmios o Machado de Assis pelo conjunto da obra, o Hans Christian Andersen, o Príncipe Claus, o Casa de Las Américas e 3 Jabutis.  É a Patronesse do Flipoços 2020.

Clarice Lispector – escritora, poeta e jornalista ucraniana naturalizada brasileira. Falava vários idiomas, adorava poesia desde criança, se tornando uma grande referência na literatura feminina brasileira. Homenageada em seu Centenário de Nascimento no Flipoços 2020.

Laudelina de Campos – heroína negra, líder sindical que combinou luta por valorização do emprego doméstico, feminismo e ativismo pela igualdade racial. Laudelina nasceu em Poços de Caldas, em 1904.

Nise da Silveira – médica psiquiatra que revolucionou o tratamento da loucura no Brasil e agigantou a humanidade ao cuidar de brasileiros rejeitados pelo sistema e isolados do convívio. Através da Arte ela transformou o tratamento de doentes mentais no Brasil.

Fernanda Montenegro – atriz, locutora, radialista e apresentadora brasileira. Considerada uma das melhores atrizes brasileiras, é frequentemente referenciada como a grande dama do cinema e da dramaturgia do Brasil. Ela foi a primeira latino-americana e a única brasileira já indicada ao Oscar de Melhor Atriz.

Lygia Fagundes Telles – Dama da literatura brasileira e a maior escritora brasileira viva é também Imortal da ABL. A obra Ciranda de Pedra (1954) é considerada o marco inicial da romancista. Mas foi na década de 1970 o período de intensa atividade literária e que a consagra na carreira de escritora. De lá para cá, foram centenas de premiações e condecorações no Brasil e no Exterior. Em 2016, foi a primeira mulher brasileira indicada ao Prêmio Nobel de Literatura.

Irmã Dulce – foi uma religiosa católica que dedicou a sua vida a ajudar os doentes, os mais pobres e necessitados. Em 1988, foi indicada ao Nobel da Paz. Foi beatificada pelo Papa Bento XVI, no dia 10 de dezembro de 2010. Em maio de 2019, o Vaticano proclama Irmã Dulce, como Santa. “No amor e na fé encontraremos as forças necessárias para a nossa missão”.

Tarsila do Amaral – foi pintora e desenhistae uma das maiores artistas brasileiras do século 20 e figura central do modernismo.  O quadro Abaporu pintado em 1928 é sua obra mais conhecida. Junto com os escritores Oswald de Andrade e Raul Bopp, lançou o movimento “Antropofágico”, que foi o mais radical de todos os movimentos do período Modernista.

Elis Regina – a maior cantora do Brasil de todos os tempos.Elis era um furacão no palco. O destino desse grande nome da música foi trágico: com apenas 36 anos Elis partiu, mas deixou um legado musical inestimável e eterno. Para todas as gerações.

Marta – o mais recente fenômeno feminino da atualidade é futebolista brasileira que atua como atacante. Marta já foi escolhida como melhor futebolista do mundo por seis vezes. Um recorde não apenas entre mulheres mas também entre homens. Se tornou uma referência de esportista para todas as mulheres brasileiras.

Marielle Francisco da Silva – conhecida como Marielle Franco, foi uma socióloga e política brasileira. Filiada ao Partido Socialismo e Liberdade, elegeu-se vereadora do Rio de Janeiro para a Legislatura 2017-2020, durante a eleição municipal de 2016, com a quinta maior votação. Foi brutalmente assassinada em março de 2018.

Maria do Carmo Miranda da Cunha – artisticamente conhecida como Carmen Miranda nasceu em Canaveses, Portugal, 9 de fevereiro de 1909. Foi cantora, atriz e dançarina luso-brasileira. Com fama internacional, Carmen Miranda era chamada mundialmente de “A Pequena Notável”. Foi a primeira mulher a assinar contrato com uma rádio no Brasil.

Maria da Conceição Evaristo de Brito – É romancista, contista e poeta. Nasceu em uma comunidade no alto da Avenida Afonso Pena. Trabalhou como empregada doméstica até 1971, quando conclui os estudos secundários no Instituto de Educação de Minas Gerais. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1973 onde fez Mestrado em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro e Doutorado em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense.

sexta-feira, janeiro 03, 2020

Flora Tristán

A primeira escritora a falar de Mulheres da Classe Operária

Flora Tristan foi uma escritora e ativista socialista franco-peruana. Ela fez contribuições importantes para a teoria feminista inicial e argumentou que o progresso dos direitos das mulheres estava diretamente relacionado com o progresso da classe trabalhadora

segunda-feira, dezembro 16, 2019

Cinema / Gênero / Negritude

Hattie McDaniel: a cruel história de uma atriz que ganhou um Oscar e desafiou a sociedade

80 anos após a estreia de ‘E O Vento Levou’, recordamos o relato mais chocante e triste em torno do clássico: o da intérprete afro-americana, lésbica e corajosa.
Hattie McDaniel com Vivien Leigh, que deu vida a Scarlett O’Hara. A personagem da empregada Mammy era a única que se atrevia a desafiar a voluntariosa Scarlett.
Hattie McDaniel com Vivien Leigh, que deu vida a Scarlett O’Hara. A personagem da empregada Mammy era a única que se atrevia a desafiar a voluntariosa Scarlett




Ela protagonizou um dos filmes mais famosos da história do cinema, E o Vento Levou, mas foi proibida de comparecer à estreia; transformou-se na primeira atriz negra a ganhar um OSCAR, mas não pôde se sentar na mesma mesa que seus colegas de elenco; foi relegada a papéis de empregada pelos brancos e rejeitada pelos negros, que não entendiam sua adesão ao estereótipo com o qual Hollywood havia reduzido sua raça. Morreu sem um tostão, e seu Oscar foi levado pelo vento, mas ela sempre foi fiel a si própria. E sua melhor frase não foi escrita por nenhum roteirista, mas por ela mesma: “Prefiro interpretar uma criada por 700 dólares a ser uma por 7.” Chamava-se Hattie McDaniel, e suas luzes e sombras estarão para sempre unidas à história do cinema.
No testamento, ela pediu duas coisas: ser enterrada no cemitério Hollywood Forever e que seu Oscar fosse entregue à Universidade Howard. Após sua morte, recebeu sua enésima bofetada: o cemitério não aceitava negros, por mais famosos que fossem

Hattie McDaniel (Kansas, EUA, 1893; Los Angeles, EUA, 1952) era a caçula dos 13 filhos de um casal de escravos libertos que havia chegado ao Kansas fugindo da extrema pobreza. Mais afeita ao ritmo gospel interpretado por sua mãe na igreja que aos livros, ela não demorou a subir nos palcos para contribuir com a paupérrima economia familiar. Não sabia ao certo qual seria o seu futuro, mas tinha certeza de que não queria seguir o caminho da servidão ao qual pareciam condenadas as mulheres negras. Preferiu formar, com dois de seus irmãos, um grupo de vaudeville no qual sua veia cômica logo se destacou. “Ela foi radical em muitos aspectos”, escreveu sua biógrafa Jill Watts em Hattie McDaniel: Black Ambition, White Hollywood (ambição negra, Hollywood branca). “Atuava com a cara pintada de branco, algo que nenhuma mulher fazia na época”, resumiu Watts.

segunda-feira, novembro 25, 2019

Bilbao contra a violência de gênero

Bilbao se planta contra la violencia de género
Quase 20.000 pessoas se manifestam contra a violência machista nas ruas da capital bizkaina

Pipi Calzaslargas enseñó más de feminismo que todas las princesas Disney juntas

A história de uma menina muito independente e autônoma foi censurada na Espanha durante o franquismo por considerar a pequena demasiadamente impertinente e “antipedagógica”. Agora, se reedita em um mundo novo. 


Pippi Calzaslargas nació en 1945 de la mano de la escritora sueca Astrid Lindgreen. Ahora la editorial Blackie Books publica el libro trayendo a nuestros días las historias de la niña con las trenzas más famosas. Fue Lindgren -quizás sin saberlo- la que parió uno de los iconos feministas más importantes de todos los tiempos. Ella fue el ejemplo de independencia y soberanía. Ella se encargó de pulverizar el machismo.
Esta niña surgió en un período convulso de la historia. Las hazañas de la benjamina llegaron al mundo topándose con las mentes más retrógradas de la época: el libro fue censurado en varios países, incluído España, por considerar a la pequeña demasiado impertinente, “antipedagógica”. No fue hasta 1975 que Pippi consiguió abrirse paso entre librerías y televisiones de millones de hogares por todo el mundo, incluída también la península ibérica.

segunda-feira, novembro 04, 2019

10 histórias de cordel baseadas nas grandes mulheres negras da história do Brasil

“Talvez você nunca tenha conhecido a trajetória de sequer uma mulher negra na história do Brasil, não é? Mesmo na escola, nas aulas sobre o período da colonização e da escravidão, é provável que você não tenha lido ou ouvido falar sobre nenhuma líder quilombola, nem mesmo sobre líderes que foram tão importantes para comunidades enormes.
Essa ausência de conhecimento é um problema profundo no Brasil. Infelizmente, na escola não temos acesso a nomes como o de Tereza de Benguela, por exemplo, que recentemente se tornou símbolo nacional, quando o dia 25 de Julho foi oficializado como o Dia de Tereza de Benguela. Ainda assim, há grandes chances de que essa seja a primeira vez em que esse nome lhe salta aos olhos.
Para conhecer as histórias de luta dessas mulheres, é preciso mergulhar em uma pesquisa pessoal, que antes de tudo precisa ser instigada. Mas se as escolas e Universidades nem mesmo mencionam a existência de mulheres negras que concretizaram grandes feitos no Brasil, como a curiosidade das pessoas será despertada?”
Foi partindo desta ideia de que é preciso dar a volta e recolocar essas mulheres na história que Jarid Arraes resolveu escrever histórias biográficas de Cordel sobre 10 grandes mulheres negras da história do Brasil. Segundo publicação do próprio no site da Ceet – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desiguldades, ele resolveu lançar essas histórias que “contam as trajetórias e conquistas”, pois assim, “em sala de aula ou passando de mão em mão, a Literatura de Cordel pode servir como um rico material para que essas histórias sejam repassadas e discutidas.
A ideia é inovadora e espetacular: somente com informação poderemos ter mais lados de nossas história e, principalmente, conhecer mais daquilo que nos formos. Nesses cordéis, segundo Jarid, “é possível conhecer Zeferina, líder do quilombo de Urubu, Anastácia, uma escrava que até hoje é cultuada como santa, Maria Felipa, que foi líder nas batalhas pela independência da Bahia, e Antonieta de Barros, a primeira deputada negra do Brasil.” Assim, “passo a passo, grandes injustiças históricas podem ser eliminadas, trazendo à tona a memória de guerreiras e mulheres negras brilhantes que foram de enorme importância para o Brasil.”, afirma ele.
Para começar, leia no Questão de Gênero o cordel que conta a história de Tereza de Benguela, disponível gratuitamente.
Conheça todos os cordéis biográficos em www.jaridarraes.com/cordel

segunda-feira, outubro 14, 2019

Theresa Kachindamoto, líder feminista de Malawi, um pequeno país da Africa é uma líder feminista que anulou 850 casamentos infantis

Theresa Kachindamoto é supervisora de um distrito de um país africano chamado Malawi e tem se destacado pelas suas ações ajudando as mulheres e meninas de sua comunidade. A líder feminista trabalhou assiduamente para anular, nos últimos três anos e até 2016 cerca de 850 casamentos forçados, foram desfeitos, colocando as meninas que foram coagidas a se casarem de volta à escola. Theresa também luta para abolir os rituais que iniciam crianças sexualmente. 
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ALGUMAS MULHERES GANHADORAS DO PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA

Ao todo, até agora, - 2019 -  as mulheres que receberam o Nobel de Literatura foram 15.

1909: Selma Ottilia Lovisa Lagerlöff - 1926: Grazia Deledda - 1928: Sigrid Undset - 1938: Pearl S. Buck - 1945: Gabriela Mistral - 1966: Nelly Sachs - 1991: Nadine Gordimer - 1993: Toni Morrison -1996: Wislawa Szymborska  - 2004: Elfriede Jelinek - 2007: Doris Lessing - 2009: Herta Müller - 2013: Alice Munro - 2015: Svetlana Alexievic - 2019: Olga Tokarczuk

Foto de oito das ganhadoras do Nobel


sábado, setembro 28, 2019

AZMINA.COM.BR - Entrevista com Silvia Federici

“Para as mulheres, sexo sempre foi trabalho”, diz Silvia 
Em entrevista, historiadora autora de "Calibã e a Bruxa" fala sobre como a caça às bruxas existe ainda hoje, é parte do sistema econômico e oprime as mulheres
por Helena Bertho
24 de setembro de 2019
Oque é preciso para acabar com a opressão às mulheres? Para a historiadora Silvia Federici, precisamos de uma revolução. Depois de se dedicar a história das mulheres desde o feudalismo, ela concluiu que o controle do corpo feminino por meio da violência é uma das bases do capitalismo e que isso não vai acabar enquanto as relações econômicas seguirem as mesmas. 

Nascida na Itália e hoje com residência nos Estados Unidos, onde é professora emérita da Universidade de Hofstra, em Nova York, Silvia ajudou a fundar o Coletivo Feminista Internacional e participou do movimento por remuneração do trabalho doméstico na década de 70. Ela é autora do livro Calibã e a Bruxa (Editora Elefante), que já vendeu mais de 20 mil exemplares e está disponível para download online. 


Silvia está no Brasil para o lançamento de dois livros: O Ponto Zero da Revolução (Editora Elefante) e Mulheres e Caça às Bruxas (Editora Boitempo). Em conversa com a  Revista AzMina, Federici fala sobre história, como a caça às bruxas acontece hoje em dia, a apropriação do corpo feminino pelo sistema e sobre a possibilidade de resistência. 


Silvia Federici (Foto: Wiki Commons)
Revista AzMina: Lendo Calibã e a Bruxa, tive uma sensação de estar lendo uma nova história do mundo, muito diferente da que estudamos na escola. Porque o que você faz é uma releitura da história incluindo as mulheres. E isso me fez pensar: como podemos confiar na história que conhecemos? 

Silvia Federici:  Quem tem o poder de transmitir a história? É um senso comum dizer que a história foi escrita pelos vencedores. E uma quantidade tremenda de documentação e a voz de populações inteiras foram sufocados. Além disso, a escrita, que é o meio de comunicação, esteve nas mãos de pessoas com poder. Então precisamos ser bem cautelosos com a história oficial. E com o que aprendemos na escola, porque o sistema de educação segue dando um ponto de vista particular. Eu fui para a escola e tive vários anos na Universidade e, por muitos anos, não aprendi nada. Eu aprendi sobre o feudalismo, os reis, rainhas, batalhas e castelos. Mas nunca me ensinaram sobre as vidas dos servos, camponeses, artesãos. 

Foram os movimentos sociais dos anos 60 que permitiram falar da história a partir de baixo, a história dos camponeses, a organização do dia a dia, da reprodução. O mesmo foi com as mulheres, que estiveram ausentes da história até o movimento das mulheres.   

Leia mais: É muito tarde para silenciar questionamentos sobre gênero, diz Judith Butler
AzMina: Você diz em seu livro Mulheres e Caça às Bruxas que há novas bruxas hoje. Quem são elas?

Silvia: É importante dizer que nunca existiram bruxas. Elas são uma criação. Primeiro da Inquisição, depois dos magistrados e dos poderosos na Europa. Mas aquelas que são rotuladas como bruxas hoje são primeiramente as mulheres acusadas de bruxaria na África, América Latina e Índia. As “curandeiras” acusadas de curar com poderes sobrenaturais. Essa recriação da imagem da bruxa tem a ver também com a presença, em boa parte do mundo, das seitas fundamentalistas evangélicas. Eles falam de Satã e direcionam a energia das pessoas para longe do problema econômico e sua causa, focando na ideia de que na comunidade há pessoas malvadas. É conveniente que, no momento em que essas comunidades estão empobrecendo, elas direcionem a raiva para pessoas específicas.  

Há ainda uma outra caça às bruxas, mas essas não são chamadas de bruxas. São as mulheres que estão usando sua assertividade, buscando mais poder social, as feministas. 

AzMina: Você diz que a nova caça às bruxas está muito ligada à apropriação pelo capital dos espaços de abundância natural. Considerando que a Amazônia hoje é um dos principais palcos de enfrentamento em relação aos recursos naturais, você acha que as mulheres indígenas brasileiras estão em risco? 

Silvia: Claro. Estamos todos em risco por causa da queima da Amazônia. Ainda mais as mulheres indígenas. Essa é a terra delas, sua forma de sobrevivência, a fonte de subsistência. É sua cultura. Quando você perde a terra, a água, o contato com os animais, sua vida acabou. Não é que elas perdem apenas a terra, elas perdem todo um modo de viver, todo um mundo cultural e histórico. É uma tragédia. 

AzMina: Uma das grandes bandeiras que se vê no feminismo atual é a da inserção da mulher no mercado de trabalho e também pela igualdade salarial. Mas se você considera que o problema central do machismo é a posição da mulher dentro do capitalismo, acha que essa luta faz sentido? 

Silvia: Faz todo sentido. Não há razão para o mesmo tipo de trabalho ou um tipo comparável de trabalho receba diferente. Hoje a luta não é só por salários iguais, mas por salários iguais para trabalhos comparáveis. Mas essa luta não é suficiente. Primeiro, porque não há trabalho igual. Mulheres vão para casa e ainda têm que fazer o trabalho doméstico. Pode ser que alguns homens estejam dividindo, mas fundamentalmente as estatísticas mostram que as mulheres estão fazendo as bases do trabalho reprodutivo. Então a gente não pode lidar com a posição da mulher no trabalho fora de casa, se a gente não lida com a questão do trabalho reprodutivo. A situação da mulher não é a mesma do homem. 

Leia mais: “Não é só o gênero que é socialmente construído, o sexo biológico também”
AzMina: Aqui no Brasil essa questão ganha um adendo de racismo: quando as mulheres brancas conseguem se emancipar do trabalho doméstico não remunerado, isso costuma envolver uma mulher negra realizando o trabalho doméstico por uma baixa remuneração. Você também estudou essas intersecções? 

Silvia: Sim, nós temos isso [nos Estados Unidos] também. Isso é terrível, porque sempre existiram essas desigualdades. Hoje isso ganha um novo nível de desigualdade porque não só as mulheres ricas, mas também as trabalhadoras conseguem contratar uma trabalhadora doméstica por algumas horas ou dias para cuidar da casa ou das crianças. E isso cria uma nova divisão, porque quando você tem uma empregadora e uma empregada, você tem uma relação de poder. Então o movimento feminista tem que somar na luta pelo trabalho doméstico, contra a desvalorização da reprodução. 

AzMina: Você defende que o controle dos corpos femininos foi essencial para a construção do capitalismo. Então você acredita que a resistência também pode vir dos corpos femininos?

Silvia: Eu acabei de terminar um livro chamado Beyond the Periphery of the Skin [“Além da periferia da pele”, em uma tradução livre]. E essa é a resposta para a sua pergunta. O livro reúne artigos sobre essa questão de “meu corpo, meu território”, do corpo como resistência. Mas você precisa ir além do corpo. Você não pode ter controle do corpo — e eu falo de sexualidade, identidade de gênero, tudo — se você não muda a organização do trabalho e as relações de propriedade. Então me parece que o corpo é crucial, mas não é limitado à nossa composição física. Eu estou pensando numa extensão do corpo. Ele é moldado pelas relações com outras pessoas, com a natureza e as políticas econômicas. 

Um exemplo: você não pode mudar sua vida sexual sem mudar a organização do trabalho. Os tempos de trabalho e de sexo são muito compartimentados. Nós temos atividades diárias muito dessexualizadas e então, no sábado e no domingo, é hora do sexo. Então, a forma como o trabalho acontece já coloca muitos limites para nossa relação com o corpo e a sexualidade.  

AzMina: Você tem um artigo em que defende que sexo é trabalho, pode explicar?

Silvia: Para as mulheres, sexo sempre foi trabalho, é parte do trabalho doméstico. Esse é o contrato de casamento. Estamos analisando quais têm sido as expectativas sociais do trabalho da mulher em casa. 

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AzMina: Nessa lógica, prostituição seria só mais um trabalho?

Silvia: Sim. É um continuum. É por isso que sou contra esse moralismo sobre a prostituição. Bem, tantas mulheres são casadas não porque amam o homem, mas porque isso é uma solução econômica. Sua mãe falou: encontre um homem que tenha um bom emprego, segurança, você vai passar a gostar dele. Então, a ideia é que mulheres têm dependido de vender seus corpos porque nós sempre tivemos menos acesso aos recursos do que os homens. Na história do capitalismo, eles sempre tiveram mais acesso a dinheiro, empregos e formas de subsistência. Então nós tivemos que vender não só o trabalho em si, como os homens, mas também nossos corpos. 

AzMina: Você acredita que pode haver uma mudança dentro do sistema capitalista?

Silvia: Não, eu acho que precisamos de uma revolução. Mas uma revolução não vai acontecer de um dia para o outro. É longo processo de luta, mas precisamos que os movimentos olhem para além do capitalismo. 

AzMina: Então você não acredita na luta por meio da política ou mudanças nas leis?

Silvia: Uma questão essencial é entender a diferença entre as reformas que nos permitem lutar com mais poder e as que nos fazem recuar. É absurdo imaginar que vamos dizer não para toda reforma, que vamos fazer uma mudança revolucionária. Pelo outro lado, é preciso ficar de olho, porque é comum que sejam propostas reformas que enfraquecem a luta, porque privilegiam um grupo de pessoas e criam novas divisões. 

AzMina: Você destaca muito as opressões que as mulheres sofrem devido a seu papel de reprodução da força de trabalho, focando bastante na questão biológica.

Silvia: Não, não foco na biologia. 

AzMina: Mas fala como o poder de reproduzir, gerar novos trabalhadores foi a base da opressão das mulheres. 

Silvia: Mas isso não é só biologia. Não estou dizendo que não existe uma biologia, mas o que chamamos de biológico, ou natural, sempre foi mediado por relações culturais, políticas e sociais. Não existe biologia pura, isso tem uma história também. 

AzMina: E para você qual o espaço de luta para as mulheres trans dentro do feminismo? 

Silvia: Quando falamos “mulheres”, estamos falando de todas as mulheres. É uma discussão muito ampla, porque temos várias questões diferentes aqui. Uma delas, talvez a mais importante, é se a categoria “mulher”, como uma categoria analítica e política, é ainda viável. Porque nós temos feministas famosas nos Estados Unidos, como a Donna Haraway e Judith Butler, que lutam para construir um feminismo sem mulheres. O que elas querem é um feminismo que não seja atrelado a uma identidade de sujeito, um feminismo que seja puramente opositivo. Eu discordo disso. 

Porque isso significa ignorar toda a história de lutas que as mulheres tiveram. Eu não acredito que “mulher” seja uma categoria biológica. Para mim, “mulher” significa uma posição particular na organização de trabalho, uma posição particular na divisão sexual do trabalho e uma forma particular de exploração. Eu quero trazer luz para a forma como o capitalismo usa as diferenças entre homens e mulheres para criar todo um trabalho estrutural. Você não pode lutar sem falar disso. 

Mulheres podem ser muito diferentes, mas nas plantations [sistema agrícola baseado em uma monocultura de exportação mediante a utilização de latifúndios e mão-de-obra escrava] as mulheres foram exploradas de forma muito diferente dos homens. A luta dos escravos não é só a luta dos homens. Elas foram forçadas a produzir novos escravos, elas lutaram para não dar à luz, para ter contracepção, para não deixar seus filhos serem escravizados, para enfrentar estupros. Então como falar em oposição sem falar sobre as experiências de exploração e luta das mulheres? Vamos dizer que isso não conta para nada? Não conta para nenhuma solidariedade? Não nos deu coragem e conhecimento? Eu não acho. 

E quando eu vejo milhares de mulheres nas ruas na Argentina, elas falam como mulheres. Elas podem ser mulheres trans ou lésbicas, mas eu não as vejo deixando de se identificar como mulheres. Em um nível de massa, vá dizer às mulheres que sua experiência é insignificante. Eu não vejo isso. E eu não vejo Judith Butler criando um movimento de massa. Mas é importante que a gente reconheça que toda a questão de gênero sempre foi muito fluída e diversa do que nos fizeram acreditar. Veja a questão das pessoas intersexo, que é muito importante, por exemplo. Eu acho que é importante brigar contra a obrigação de ser um homem ou uma mulher, etc. Mas ainda assim, se você não muda quem controla os recursos do mundo, você pode se chamar do que quiser, se você for despossuído, você não vai poder mudar. Então a luta tem que ser mais ampla. 

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